Encontrei dificuldades para escrever esta coluna. Culpa de quem? Da movimentada semana. Não por falta de assunto, mas pela variedade deles. Optei por pensar sobre argumentos. E em sua falta.
Desde a infância a gente aprende que nas discussões com pai e mãe precisamos explicar a motivação para fazer ou deixar de fazer as coisas. Por que você quer brincar disso e não daquilo? Por que você não quer levantar? Por que não quer ir à aula? São muitos os porquês.
Desde a mais tenra e rechonchuda idade precisamos aprender a argumentar, não é mesmo? Antes, chorar resolvia tudo. Aí a gente cresce um pouquinho e aprende a falar…
Quando criança, se minhas respostas não eram convincentes, entrava em ação o argumento de autoridade de meus pais: “Faz porque eu estou mandando”.
Na adolescência, argumentar era preciso e envolvia todas as partes deste organismo tão peculiar que é a família.
Adulta, desenvolvi o gosto pelo debate sob diversas angulações. Percebi que tenho firmes convicções. E que me agarro a elas. Nada me faz aceitar como natural a falta de respeito, seja na vida pública, em sociedade, como na família e entre amigos e colegas.
O conturbado cenário político nacional gera em mim muitos sentimentos conflitantes. Tem tristeza por me dar conta de onde fomos parar. Tem alegria ao ver desnudadas certas sórdidas relações de poder. Tem raiva por perceber que nos acham um bando de otários. (A raiva cresce quando cogito que talvez tenham razão.)
No entanto, não me sinto preparada para argumentar com informações precisas sobre a multiplicidade de acontecimentos. Ainda estou na fase da busca dos porquês.
Por que certos empresários e políticos mantêm relações tão promíscuas?
Pessoas que exercem função pública realmente desconhecem ou só fingem desconhecer sua responsabilidade em relação ao que é de todos nós?
Por que mentem até mesmo diante de fatos comprovados?
Por que pensar que nós, cidadãos trabalhadores e eleitores, podemos ser ludibriados?
Onde estão as vozes sensatas com soluções lógicas para essas questões?
Com certeza os tumultuados dias trarão aprendizados. Enquanto isso fico matutando uma frase atribuída a Lincoln (se não for dele, continua sendo boa):
“É possível enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns o tempo todo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.”