Que as boas intenções políticas diminuem na razão direta da aproximação do dia da posse, só não sabe quem é ruim da cabeça ou doente do pé.
Pela direita ou pela esquerda, os ‘ajustes necessários’ para quem os defende, ou as ‘maldades’ para quem é vítima, são feitas pelos governos sempre na ressaca do Dia do(a) Salvador(a) da Pátria – que alguns conhecem por ‘eleição’.
Em Cachoeirinha, o prefeito Miki Breier (PSB), que não dispensou uma conveniente véspera de Carnaval para colocar em votação uma tesourada em vantagens do funcionalismo, perdeu uma oportunidade de dar exemplo e cortar no próprio bolso.
Pegou mal apresentar números de uma crise monstruosa, dizer que o elefante não anda e que arrisca não pagar salários sem o ajuste, mas não mexer no salário de R$ 27 mil que ganha o prefeito ou nos R$ 20 mil do vice Maurício Medeiros.
Por transparência, ou para que a população observasse às vésperas da votação os salários dos servidores engordados pelo 13º e férias, foi o próprio governo quem liberou o acesso nominal aos vencimentos de concursados, políticos e CCs.
Num comparativo traçado no Seguinte:, o jornalista Silvestre Silva Santos mostrou que o prefeito de Cachoeirinha ganha mais do que o governador José Ivo Sartori (R$ 20 mil), o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (R$ 19,4 mil) e o prefeito de São Paulo João Dória (R$ 24 mil).
Em Gravataí o prefeito Marco Alba (PMDB), tido e havido como ‘vilão do funcionalismo’ por sindicalistas, por ter feito seus ajustes durante o governo, congelou os próprios vencimentos para mostrar que, se o filme é de terror, baseado ou não em fatos reais, até o mocinho tem que morrer no final.
Ao fim, cortar salários de políticos e CCs pode render apenas zero vírgula zero e um pouquinho no Orçamento. Mas, como os famosos ‘sinais ao mercado’, podem ser faróis de um governo para seus empregados (os servidores) e seus patrões (o povo).
Miki tem história, é trabalhador e criativo, mas o desgaste de uma greve após testemunhar o Choque e policiais de quatro cidades vigiando uma dúzia de funcionários na votação de um pacote de R$ 10 milhões apresentado a toque de caixa, exigirá ainda mais dele para fazer um bom governo e seguir o plano de voo de ser candidato a governador pelos ‘pombas’.
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