Nos 20 minutos em que ficou na reunião com os municipários de Cachoeirinha, o prefeito Miki Breier (PSB) não aceitou adiar a votação do pacote de corte de R$ 10 milhões anuais em vantagens de servidores, enviado à Câmara há uma semana.
O revide do sindicato que representa 3,5 mil funcionários públicos municipais foi decretar estado de greve e paralisar escolas infantis na manhã desta terça, mobilizando a categoria para pressionar os vereadores na sessão em que, a partir das 18h, os 11 projetos entram na pauta para votação.
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Levantamento do Seguinte: mostra que, das 13 escolas de educação infantil, cinco paralisaram totalmente e oito parcialmente. As escolas de ensino fundamental ainda estão em férias.
– Mas podemos começar o ano letivo em greve no dia 2 – ameaça Guilherme Runge, professor de Geografia da escola Tiradentes, da Vila Anair, que preside o Sindicato dos Municipários desde 2014.
– A decisão pode ser tomada na própria Câmara, após a sessão, caso essas medidas desastrosas e atropeladas sejam aprovadas – adverte o sindicalista, calejado por mais de uma dezena de paralisações e greves de mais de dez dias durante os oito anos de governo de Vicente Pires e seus salários atrasados de agosto a dezembro.
Guilherme contesta parte dos números apresentados pelo governo Miki. E centra a argumentação do sindicato na possibilidade de adequação em um prazo de até 16 meses ao limite de 54% determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
– O balanço do último quadrimestre de 2016 mostra um comprometimento de 60% com a folha, ok. Mas, num período de crise, de retração do PIB do país, os prazos da LRF são dobrados. O governo tem até abril do ano que vem para se adequar.
O sindicalista considera uma ‘manobra midiática’ do governo apresentar dados relativos ao balanço de janeiro, no qual a folha chega a 80% da receita.
– Como sempre, criam um clima de terror e fazem do servidor o vilão, para justificar à população os seus pacotes de maldades – lamenta, argumentando que o comprometimento da folha no mês passado chegou ao índice alarmante porque foram contabilizados salários atrasados de dezembro, pagamento de parcelamentos do Instituto de Previdência de Cachoeirinha (IPREC), férias com acréscimo de 1/3, adicionais de progressão retroativos e indenizações por demissão de cargos comissionados (CCs).
– É um governo que estreia mostrando falta de diálogo. O impacto em milhares de servidores será gigantesco. Muitos terão um terço da remuneração reduzida, sem nenhum tempo para preparar suas vidas – apela o sindicalista.
Esperança em dissidências
Sem nenhum vereador de oposição entre os 21 novos eleitos para a Câmara de Cachoeirinha, a esperança dos municipários são dissidências na base do governo que consigam pelo menos adiar a votação.
Relatos de uma conversa da vereadora Jacqueline Ritter (PSB) com 11 guardas municipais, nesta segunda, na sede da Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade, viralizou nos whatsapps de servidores.
– Ela está pressionando o governo para adiar a votação. Pode dar um racha aí, ela chegou a colocar seus cargos à disposição – conta um guarda.
– Ela também acha precipitado apresentar um pacote com esse impacto sem diálogo com os servidores – relata outro em mensagem, sobre a conversa com a vereadora que é uma das políticas mais ligadas ao deputado federal e ex-prefeito José Stédile (PSB), a maior força política de Cachoeirinha.
Servidores estão neste momento chegando à Prefeitura e à Câmara, sob o cerco da Brigada Militar.
Em minutos, o governo
O Seguinte: está ouvindo a posição do governo. Em minutos, nova reportagem no ar.