veraneio das urnas

5 fatores para o PSOL de Rafael Linck crescer

Convenção do PSOL foi no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública de Gravataí

Poucos da turma de jeans, camiseta e tênis presentes ontem à noite no sindicato dos professores de Gravataí eram mais do que crianças quando Luciana Genro subiu numa mesa da Assembleia Legislativa para protestar contra a privatização da CRT, no início dos anos 90. Mas, mesmo que a política e a idade domestiquem um pouco o que muitos chamam radicalismo, o espírito de rebeldia ainda mostra reunir a ânsia de esperança de muitos jovens em torno da icônica professora de inglês, que fez seu caminho ainda mais à esquerda do pai, Tarso Genro.

Candidata à Presidência da República, com 1.609.982 votos em 2014, na campanha onde viralizou o “não levante esse dedo para mim”, ao enfrentar Aécio Neves (PSDB) num debate na Globo onde criticou o monopólio da mídia e a cobertura desigual da emissora, Luciana veio à convenção do PSOL iluminar a confirmação de Rafael Link a prefeito e Ruan Martins a vice no ‘veraneio das urnas’.

O Seguinte: lista a seguir cinco fatores que podem levar o partido, em seu quarto ano de existência na aldeia, a crescer nas urnas.

 

1.

Surpresa na ‘eleição que não terminou’, o professor de 33 anos tirou a carga emocional da ‘primeira vez’. Chega ainda mais solto a sua segunda experiência em campanhas, sabendo que a estratégia de ‘ir pra cima deles’ deu certo. No ‘primeiro turno’, enfrentando candidaturas com três décadas de urnas, Rafael foi uma espécie de fiscal ideológico dos adversários, apontando as ligações – e contradições – dos partidos tradicionais, PMDB, PDT e PSB, todos integrantes dos governos Sartori ou Temer. Além de ter cunhado uma expressão que ‘pegou’ na campanha, a de que Marco Alba (PMDB) era o ‘prefeito de Nárnia’, o mundo fantástico criado pelo escritor irlandês Clive Lewis, no debate organizado pelo sindicato dos professores, chegou a tirar Daniel Bordignon (PDT) do sério, fazendo-o criticar o PSOL como, em suas palavras, “a esquerda que a direita gosta”.

 

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2.

A estratégia de mostrar que Gravataí não é uma ilha, e de que na aldeia onde uma mulher também já foi apeada do poder em um ‘golpe parlamentar’ se fortalecem as raízes de Sartori e Temer, tende a funcionar ainda melhor com os descontentes com os dois governos, cada vez mais impopulares. Os chamados pela esquerda de ‘pacotes de maldades’ apresentados pelo governador e o presidente depois das eleições de outubro estão na pauta da gritaria que a gurizada do PSOL pretende fazer.

 

3.

Sem Daniel Bordignon, a campanha é diferente. Outras candidaturas à esquerda têm espaço para crescer. Mesmo com a troca do PT por um PDT ainda na era Lasier Martins, com votos de correligionários a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e participando do governo de salários parcelados de Sartori, o ex-prefeito não deixou de ser uma referência ideológica para os ‘vermelhos’. No ‘segundo turno’, não será fácil fazer com que Rosane Bordignon decore o hino da Internacional Socialista, apesar da esposa do ‘Grande Eleitor’, nos 33 anos de militância política, ter travado com ele diversos debates sobre, por exemplo, Getúlio Vargas ter sido ou não ditador, com ela argumentando sempre numa matriz mais à esquerda.

O PSOL, observando os petistas perderem para os Bordignon´s lideranças como Bino, candidato a vereador de 1004 votos, travará uma Revolução de Fevereiro contra o PT, ex-superpotência eleitoral que no ‘primeiro turno’ sofreu o ‘golpe das urnas’ e fez apenas 444 votos a mais.

Valter Amaral, que será novamente o candidato a prefeito, fez 2.578 votos, Rafael 2.134. Um desempenho melhor que os petistas colocaria o partido na vanguarda da esquerda da aldeia.

 

4.

Candidato mais jovem da eleição, boa pinta, guitarrista, cicloativista, por vezes youtuber ao lado da filha Rafaela, de 4 anos, com uma linguagem e propostas que chegam na ‘galera’, Rafael pode atrair os votos de um eleitorado aparentemente distante das candidaturas ‘de sempre’.

Como vice, tem Ruan, outro jovem, de 23 anos, professor de taekwondo de comunidades pobres como a Vila Rica e o Xará, e que fez 578 votos como candidato a vereador em 2016.

 

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5.

Rafael não seria candidato no ‘veraneio das urnas’. Logo após a eleição, Ruan já tinha sido anunciado com seu sucessor. Mas um apelo da presidenciável Luciana Genro, sol mais brilhante do partido no Rio Grande do Sul, convenceu Rafael a enfrentar novamente as urnas.

A presença dela, do presidente estadual Israel Dutra e do vereador de Viamão Guto Lopes são a garantia de suporte político, de rede social e uma estrutura financeira mínima para a campanha.

 

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Entre a rua e a sala de aula

 

O que pode atrapalhar um pouco a campanha de Rafael é que, como não é funcionário público, e não tem direito a licença remunerada para concorrer, como aconteceu, ou acontece com os colegas de magistério Bordignon, Anabel e Rosane, Rafael dividirá os dias entre a campanha nas ruas e as salas de aula do São Judas Tadeu, escola particular onde leciona História, em Porto Alegre.

– Já foi assim na eleição anulada. Vivo do meu trabalho, não sou político profissional, não estou nessa por cargo. Não posso, e nem quero abdicar de dar aula, que é o que mais gosto de fazer – diz o candidato, que anuncia uma campanha propositiva, mas que todo mundo sabe reverberará mais a cada riff, quanto mais heavy metal, melhor, contra a velha guarda da política da aldeia.

 

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