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Áureo Tedesco vice de Marco Alba e as 10 + do anúncio

Áureo leva a Morada do Vale para a chapa de Marco Alba

Em ato no Hotel Radar, Áureo Tedesco (PSDB) foi anunciado como vice de Marco Alba (PMDB). Saiba como foram os bastidores da reaproximação entre atual vice e o prefeito

 

No final de novembro, 118 anos de vida, sóis e luas de política, dois vereadores combinaram um almoço no restaurante Souza.

– O Pinho fala com o Marco? – perguntou Nadir Rocha (PMDB), 58.

– Claro que fala – respondeu Beto Pereira (PSDB), 60.

No sagu da sobremesa, trocando qualquer azedume pela conversa macia da experiência, o presidente da Câmara e o colega em fim de mandato, que vinha de um frustrado casamento de conveniência como vice de Anabel Lorenzi (PSB), já tinham agendado uma conversa entre o prefeito Marco Alba (PMDB) e o vice-prefeito Francisco Pinho (PSDB).

O afastamento silencioso que perdurava desde a véspera da campanha se encerrou nas duas semanas seguintes.

– Fomos parceiros desde o impeachment, eleitos com 51 mil votos em 2012. Não poderíamos estar separados num momento tão importante – recorda Nadir sobre o encontro, lembrando a cassação da prefeita Rita Sanco (PT), onde ele comandou a Prefeitura interinamente por 30 dias antes da eleição indireta de Acimar da Silva (PMDB) a prefeito e Pinho ao vice.

– Não foi difícil. Ideologicamente somos próximos – emenda Beto, primeiro entusiasta da reconciliação, que comunga com o prefeito a política de déficit zero inspirada em uma referência para os dois, a ex-governadora tucana Yeda Crusius.

 

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O vice é o dote

 

Mas o dote da reconciliação teria um custo político para Marco em relação aos partidos da base de governo que permaneceram com ele desde o início e, os gravatás sabem, comemoraram a saída do vice-prefeito.

Como nos episódios que culminaram no – agora – ‘até breve’ de 7 de junho, Pinho mais uma vez exigiu o vice.

Grandão, o experiente político barganhou com os votos de Áureo Martins e Neri Facin que, somados aos 10 outros vereadores eleitos pela base de governo, podem garantir dia 1º de janeiro a eleição do presidente da Câmara que, até as novas eleições de 12 de março, comandará a Prefeitura a terceira maior economia gaúcha.

 

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Sim, não e talvez

 

Em dias e noites de não mais de quatros horas de sono, algumas delas, entre os mais íntimos, em cochilos no sofá da sala, Marco ouviu, em sua casa no Oriçó, presidentes de partidos e vereador por vereador.

Desde o “não” que ouviu de Evandro Soares (DEM) ao “talvez” de Márcio Souza (PV), passando pelo “é nóis” de Robertinho Andrade (PP), Marco encheu os olhos de lágrimas ao falar com Tanrac Saldanha (PRB), fiel companheiro de chapa e votos na Câmara.

– Não podemos ficar sem a Presidência da Câmara e a Prefeitura. Abro mão em nome do projeto. Bora explicar para o pessoal da igreja! – disse, pragmático, apesar de abalado, o vereador ligado à Igreja Universal que trocou uma reeleição praticamente garantida pelo vice no ‘primeiro turno’.

 

: Tanrac Saldanha no Hotel Radar, pouco antes do ato em que passou vice para Áureo Tedesco

 

O peso da Morada

 

Com o amém da base de governo, era a vez do PSDB indicar o nome entre o construtor da reaproximação, Beto Pereira, “desempregado a partir do dia 1º”, como brinca o empresário dos transportes, os vereadores eleitos Áureo e Neri, e Denner Gelinger, jovem advogado que é braço direito de Pinho na organização do partido.

A escolha era lógica para o equilíbrio, ao menos territorial, da chapa. Marco é ‘do Centro’ e Áureo saiu das urnas como, entre as mais de 450 candidaturas, o único vereador eleito pela Morada do Vale, uma cidade com 40 mil eleitores lá do outro lado do mapa.

 

O Áureo, da agropecuária

 

– Fiquei lisonjeado por ser lembrado. Não sabia que era tão importante para o partido – disse, humilde, em mangas de camisa, o proprietário há 14 anos da tradicional Agropecuária Avenida, que foi o vereador mais votado do PSDB com 1.431 votos, 555 a mais do que recebeu em sua primeira tentativa, curiosamente pelo PRB de Tanrac, em 2012.

Quando contou para a esposa Cristine e para as filhas Rafaela (23), Caroline (21) e Bruna (12) que, recém eleito vereador, concorreria a um cargo executivo como o primo do pai, Ferúlio, ex-prefeito de Santo Antônio, elas ouviram com a mesma surpresa que a mãe, Maria, lá no Caraá, onde aos 10 anos Áureo começou a lida na roça de fumo ao lado do pai, Angelo, e a graduação na escola da vida após parar de estudar ao fim do ensino fundamental.

– Moderado, não sou de atacar ninguém e só falo quando tenho certeza. Fecho com o prefeito ao ver a Prefeitura como uma grande empresa, que não pode ser administrada no oba-oba – descreveu-se o fã de Leonel Brizola e Fernando Henrique Cardoso, em conversa reservada com o Seguinte:, momento em que, cercado por um Pinho sorridente, foi abraçado pelo empolgado Denner Gelinger:

– É um puro, trabalhador incansável. Impossível não querer bem.

E, chamados pelo grito de “vitória” de um Marco, de braços levantados, vibrante por ter recomposto o campo que lhe deu a eleição em 2012, foram almoçar, “na conta do Pinho”.

 

 

+ 10 do Radar

 

1.

O MARCO ACREDITA

Marco Alba é um empolgado com o que faz. Falou uma, duas, três vezes com paixão das coisas do governo. É um prefeito que não vacila em acreditar que as opções que faz estão corretas e, em algum momento, serão reconhecidas. Mais de três décadas de política, sabe que se cada partido, cada vereador comprar a ideia e mostrar o que o governo fez, e preparou para fazer, a reeleição é uma realidade.

– Não é apenas uma aliança estratégica. É a reafirmação de um projeto. A união dos que tiveram coragem para, mesmo abaixo de vaias, enfrentando pressões setoriais e muitos que defendem não direitos, mas vantagens e privilégios desproporcionais aos demais trabalhadores, fazer as reformas urgentes para garantir o futuro do município. A promessa fácil é cultura do passado, uma conta que fica para o povo – discursou, instigando vereadores e presidentes de partido a recomendarem aos eleitores a consulta ao Portal Transparência da Prefeitura, “não mais a República do Bilhetinho” para comprovar que o governo “não diminuiu nenhum centavo da saúde, educação e área social”.

– Investimos 24% na saúde, acima do que pede a Constituição. Em Educação, 25%. Da infraestutura não podemos dizer que cortamos, porque não há como cortar o que não tem.

 

2.

O LIVRO E O TAPA-BURACO

Usando um dado que lhe faz sempre subir a voz, Marco lembrou os 55% de alunos que, em 2013, no início do governo, chegavam no terceiro ano analfabetos.

– Esse atentado ao futuro é livro, uniforme, manter a criança na escola, e não é tapa-buracos que resolve – comparou, explicando que nos primeiros quatro anos em que buscou pagar o meio bilhão de dívidas deixadas por governos passados, além de garantir as certidões necessárias para buscar financiamentos, optou pela área social “e não por asfaltos ou obras que, por se enxergar, dão votos”.

– Cuidamos das pessoas e estamos preparados para, em um novo governo, cuidar da cidade – concluiu, dando a senha do slogan da campanha nas novas eleições de 12 de março, para as quais convocou os aliados, rindo:

– Avisem às esposas e filhos que ninguém vai para a praia. É campanha!

 

3.

O ‘APOCALIPSE DO IPAG’, UM SÍMBOLO

O projeto que o Seguinte: chamou de ‘apocalipse do Ipag’ parece a Marco Alba um símbolo de sua gestão. Desde a votação, na semana passada, em todas as solenidades da qual participou, o prefeito falou sobre a “coragem cívica” do governo e seus vereadores em aprovar o realinhamento das alíquotas de manutenção do instituto de previdência e assistência.

– Não se trata de vontade política, e sim coragem para cumprir uma alteração exigida pelo Ministério da Previdência – observou, apontando a diferença astronômica no déficit atuarial, de irreais R$ 250 milhões do passado para os R$ 835 milhões atuais, que obrigariam a elevar a contribuição da Prefeitura para 30%, conta dividida com os servidores que receberão aposentadorias do instituto e serão descontados em 14%.

– Não seria justo creditar toda essa conta para população, acabando com a capacidade de investimento do município. Ou empurrar com a barriga, pensar só no voto do servidor, e jogar a Prefeitura de volta ao ‘SPC’. Gostem ou não gostem, tinha que ser feito – defendeu, observando que a Certidão de Regularização Previdenciária (CRP), obtida com a aprovação do ‘apocalipse do Ipag’, permitirá a liberação de mais de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura.

Ainda sobre o ‘apocalipse do Ipag’, Marco Alba foi duro ao criticar o Conselho do Ipag, que silenciosamente permitiu que os governos Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski (não citados nominalmente, talvez por Stasinski, hoje presidente do PV e agora aliado, estar sentado a três metros) nunca contribuíssem para o Ipag deixando uma dívida de R$ 90 milhões:

– O Conselho foi conivente. Prova que sabiam que estavam errados é que no dia da votação na Câmara, não tinha ninguém lá.

– Aqui acabamos com esse modelo velho, que no estado e no país insiste em não se entregar.

– Fazer reformas é desafio do mundo. Você liga em qualquer canal e vê que está sendo feito na Grécia, na França, na Itália, nos Estados Unidos… – concluiu.

 

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4.

CAMPANHA 24 HORAS

Marco Alba lembrou que no ‘primeiro turno’, cumpriu expediente diário na Prefeitura e apenas por 10 dias, em férias, pode se dedicar à campanha.

– A partir do dia 2 serão 24h por dia – avisou.

 

5.

A VOLTA E OS CABELOS BRANCOS

Francisco Pinho (PSDB) agradeceu ao “entendimento de cabelos brancos” iniciado por Nadir e Beto Pereira.

– As diferenças entre as pessoas são sempre menores do que as necessidades do povo que mais precisa – discursou, apelando pela unidade da base na campanha pela reeleição.

– Muitos nos pediam para voltar. Às vezes uma palavra mal colocada, mínimas coisas levam ao afastamento. Mas nunca soube do prefeito falar uma vírgula sobre nós, como também não falamos do prefeito – concluiu, fanático por campanha, também avisando que “este ano não tem férias”.

 

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6.

A FÍSICA, DEUS E A GRITARIA

Jones Martins (PMDB), o deputado federal de Gravataí, saudou a reunificação do campo vencedor das eleições em 2012 “sob uma liderança da envergadura do prefeito Marco Alba, necessária para enfrentar as eleições e uma crise de pelo menos mais dois anos”.

– Na política, diferente da física, os semelhantes se atraem. Nós somos família, acreditamos em Deus e não criamos tumulto em eleição nenhuma.

– Não nos assustemos com gritaria e demagogia dos que se apropriaram do estado por anos.

 

7.

MARCO ANTES DE SARTORI E TEMER

Jones entende que “Gravataí está na vanguarda nacional”.

– O que o governador Sartori e o presidente Temer tentam fazer, já estamos fazendo. A maior crise da história do Brasil só não nos atingiu em cheio porque o prefeito se preparou – disse, listando além do pagamento de salários em dia, ampliações nos sistemas de educação e saúde “que não se vê, porque não há prédios”, e também obras físicas, como “unidades de saúde modelo e as UPAs”.

– Sempre é mais fácil falar em quantos hospitais tem que construir e quantos buracos é preciso tapar. Nós temos responsabilidade para não prometer o que não podemos cumprir – concluiu, fazendo uma saudação aos vereadores, em nome de Clebes Mendes (PMDB), “que enfrentou as redes sociais, os professores e até foi ameaçado” mas “nunca perdeu a coragem”.

 

8.

SUPLENTE FARDADO

Se a chapa Marco e Áureo ganhar a eleição, quem assume como vereador é Mário Peres, marido da Rúbia, pai da Mariele, 17, e amigo do cavalo Trovão.

Aos 57 anos, o caminhoneiro aposentado das estradas que em 2012 fez 787 votos pelo PTC e, este ano ficou na primeira suplência com 940, é morador do São Judas Tadeu e tradicionalista ligado ao CTG Carreteiros da Saudade.

 

9.

NADIR, ‘BI-PREFEITO’

Muitos conversaram de cantinho sobre a eleição da Presidência da Câmara.

Nadir Rocha é o favorito para ser eleito e assumir como prefeito interinamente, como aconteceu por 30 dias, entre 15 de outubro e 15 de novembro de 2011, após o impeachment de Rita Sanco.

– Se eu colher é porque plantei – despistou o veterano vereador de quinto mandato.

 

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10.

A BASE (QUASE TODA) FOI

Estavam presentes vereadores eleitos e presidentes de PMDB, PSDB, PP, PTB, PRB, PV, PEN, PTN e PROS.

Não reeleito, Fred Pinho, filho de Francisco, não foi ao ato.

Reeleito, Evandro Soares (DEM), desafeto de Pinho, também não.  

 

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