Tão difíceis esses meses de 2016! Quantas mudanças políticas e econômicas! Pelo visto, ainda teremos mais algumas nos próximos dias. Quantas tragédias humanas aconteceram! Tudo isso quase sufoca as boas ações que fizemos ou presenciamos. Estou buscando nas memórias e registros tudo que possa preparar meu espírito para receber bem 2017. Esperançosa que sou resolvi olhar os fatos por outro ângulo.
Sim, assustador o nível de corrupção arraigado em nosso país. Qual o lado bom nisso? Era sabido que isso existia, mas há leis e passaram a ser cumpridas permitindo aos órgãos competentes deflagrar todas as operações que estão levando pessoas às prisões e a devolver, ao menos, um pouco do que foi surrupiado. Tenho esperanças de que a faxina será grande. Nosso país está perdendo a fama de que a impunidade corre solta.
Mesmo com a paranoica guerra de informações nos mais variados meios de comunicação, a parte boa é que fomos obrigados a prestar mais atenção no que é dito e escrito e a respeitar as mais diferentes opiniões. Eu, ao menos, estou sempre no sinal laranja do semáforo das notícias.
As tragédias humanas me horrorizaram. Milhares de homens, mulheres e crianças enfrentando uma fuga desesperada da guerra no Oriente Médio buscando uma chance de viver na Europa, mas cercas foram levantadas, rígidos sistemas de segurança impediram sua entrada e uma dose grande de xenofobia e preconceito os recepcionou em alguns países do velho continente. A mídia nos mostrou, que mesmo entre todos esses horrores, ainda há coragem e generosidade.
Quando via e ouvia sobre esses refugiados lembrava histórias da minha família contadas por vovó. Tinham vindo da Itália para a América fugindo da miséria. Foram parar no Uruguai, uma terra com outra língua, outros costumes e sem nenhum parente por perto. Contaram com a generosidade de um estranho que lhes ofereceu um teto em troca do trabalho no campo. Recomeçaram e a vida continuou.
Também vimos a solidariedade acontecer no terrível acidente que levou a vida dos jovens jogadores, jornalistas e demais profissionais do esporte. As demonstrações de carinho com o time de Chapecó e sua delegação foram admiráveis. Nos emocionamos com o gesto do clube e da torcida colombiana. Há esperança nas gentes deste mundo.
Em meu prosaico mundinho fico encantada com a beleza de um flamboyant explodindo em flores em frente a minha janela. Sim, há beleza neste mundo. É preciso olhar com carinho entre as frestas da dor, violência e intolerância. Longe ou perto de nós, sempre podemos encontrar grandes ou pequenos gestos capazes de transformar para melhor o lugar onde vivemos.