o grêmio saiu campeão

A Arena é do Grêmio | por Herculano Barreto Filho

Herculano Barreto Filho na Arena na decisão da Copa do Brasil

O jornalista Herculano Barreto Filho, ex-Gravataí e hoje em O Dia, do Rio, veio ver a final, saiu campeão e compartilha sua emoção

 

Eram 6h da manhã quando cheguei ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, depois da conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil. Minha alegria não estava sozinha. Havia outros tantos gremistas vestindo a camisa Tricolor, materializando o título em azul, branco e preto. Eram torcedores que voltavam para as suas cidades de origem em todos os cantos desse país, depois de assistir ao histórico jogo na Arena. Assim como eu, tinham olhos cansados. Mas que tinham testemunhado a plena felicidade que só os apaixonados por futebol conhecem.

Foi o desfecho de uma conquista histórica, que levou gremistas exilados da paixão a buscarem uma brecha para testemunhar o fim de uma seca de 15 anos sem títulos. Respirar quarta-feira em Porto Alegre foi um resgate desse sentimento tão familiar. No bairro Humaitá, a camisa do Grêmio era uma espécie de farda em comum entre todos. Variava apenas a data de fabricação e as memórias que traziam. No meu caso, vestia a camisa do Grêmio de 1994, a usada no bicampeonato da Copa do Brasil, gol do Nildo. A mais antiga que tenho.

Torcedores faziam churrasco desde o começo da tarde pelas ruas, ouvindo o hino do clube. Faziam lembrar de um passado de conquistas no velho Olímpico, onde aprendi a torcer desde os 8 anos. Mas o Grêmio não estava mais lá. E a nostalgia é o combustível reciclado de uma constante busca que faz de nós torcedores.

Cruzar o portão de entrada da Arena era como atravessar um portal. Eram mais de 55 mil pessoas movidas a sonho, que só sairiam de lá campeões.

A torcida abraçou a dor pela tragédia da Chapecoense em um minuto de silêncio e no verde que acrescentava outra cor à arquibancada. Mas quando a bola rolou, o futebol pediu licença para acontecer e preencher o estádio de outro tipo de emoção.

Um senhor calvo chamava um fiscal, reclamando dos torcedores em pé, que atrapalhavam a visão de quem, talvez, quisesse ver o jogo sentado, como se estivesse na sala de casa. "Amigo! Isso é uma final!", gritei.

E ali, naqueles 90 minutos, os gremistas que estavam lado a lado se tornaram íntimos, compartilhando a aflição e as emoções de uma conquista. Quando Bolaños abriu o placar, o título, enfim, se materializava num grito de gol sem fim. Desconhecidos se abraçaram como se fossem irmãos. Me transformei num berro, que só terminou quando perdi o fôlego.

A madrugada em Porto Alegre pertencia aos gremistas. Os outros porto-alegrenses viviam em outra dimensão, onde apenas descansavam para trabalhar no dia seguinte. Para os gremistas, havia ali uma brecha no tempo, onde apenas comemorar era possível.

E voltei para casa com apenas uma certeza: não importa o que digam. A Arena já é do Grêmio.

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