Por acreditar que tomar decisões e ter atitude é o melhor para viver bem consigo mesmo nunca fiquei em cima do muro. Não só por não ter medo de altura, mas por sempre ter procurado seguir numa direção, escolhendo o caminho sem vacilar e sem tentar agradar os outros.
Detesto os habituais frequentadores da parte de cima do muro com suas obscenas indecisões, suas enrolações, por não expressarem a sua opinião sincera e por não definirem qual o rumo a ser tomado.
Tão simples! Sempre a sinceridade… sempre a verdade… custe o que custar… doa em quem doer! Nada mais fácil, principalmente nos dias atuais.
Não? Estaria eu mentindo? Enganando?
Por que não a sinceridade? A verdade?
É… você pode me achar confuso…
Em algum momento todos nós temos que subir em cima do muro.
Por quê?
Para sobreviver!
Como imaginar uma sociedade onde fosse impossível mentir, dissimular…
Ah! Flávio Boff, mas que assunto você escolheu para escrever no Seguinte logo de cara!
Mas, vamos lá… me sigam…
Sempre a sinceridade… a verdade…
Você chega para trabalhar e o seu chefe rosna um “bom dia” atravessado. Você chega para ele e diz: “Não vou com a sua cara; acho a que a empresa é mal administrada; detesto a forma como você trata os empregados; o salário que você me paga é absurdamente baixo”. Ao que ele responderia: “também acho você arrogante; a empresa é minha e faço como eu quero as coisas por aqui; e o salário é até alto para um incompetente como você”.
Sempre a verdade… a sinceridade…
Ou ao chegar em casa do trabalho dá de cara com o seu vizinho e diz: “o seu cachorro histérico não para de latir; a sua filha dá bola para toda a vizinhança; sua casa é um horror de mal cuidada”. Em resposta o seu vizinho responderia: “não vou arrancar a língua do meu cachorro para satisfazer um estúpido feito você; a minha filha é espontânea e sabe se cuidar, não é que nem a sua que engravidou do namorado; e a minha casa é assim, pois não tenho tempo já que trabalho em dois empregos”.
Assim sendo, você seria demitido e teria uma briga daquelas com o seu vizinho…
Mas, seria tudo mais simples, mais limpo, transparente e dentro da lógica da verdade e sinceridade.
Segundo Oscar Wilde: “muita sinceridade é absolutamente fatal”.
E, recorrendo ao Marquês de Maricá: “Se fôssemos sinceros em dizer o que sentimos e pensamos uns dos outros, em declarar os motivos e fins das nossas ações, seríamos reciprocamente odiosos e não poderíamos viver em sociedade.”
A verdade é que a verdade dói e nem sempre estamos prontos para lidar com ela por questões de necessidade ou de convívio social. O que não quer dizer que a mentira ou a hipocrisia seja a melhor saída sempre.
Sendo transparentes, objetivos e sinceros vamos melhorando como pessoas e o mundo que vivemos.
E então? Um lugar em cima do muro até que não é tão ruim assim não é mesmo?