O perfil pessoal de Mael Machado, no Facebook, "bombou" durante quase toda a terça-feira (29/11). Eram muitos amigos, consternados, lamentando que Mael tivesse perdido o irmão, o zagueiro Filipe Machado, na queda do avião que levava a delegacação da Chapecoense para a Colômbia.
E pipocaram mensagens no telefone celular dele, além de ligações, com a mesma intenção. Sem contar os inúmeros pedidos de entrevista dos chamados grandes órgãos de comunicação do estado.
— Bah, tô cansado! Meu telefone não para. É RBS, Band, SBT… Eu já falei que não vou mais falar. Estou com a cabeça explodindo e trabalhando — comentou ele, nesta quarta-feira (30/11) com o Seguinte:.
Todo esse assédio ao professor de educação física na empresa Live Fit Academia, de Gravataí, tem uma razão: ele e Filipe cresceram juntos, e Mael chamava o jogador de irmão. E Felipe ´também o chamava de irmão. Fez isso inclusive quando lamentou o acidente que vitimou o atleta da Chape.
— A gente se chamava assim mesmo, de irmão. Praticamente crescemos juntos. Conheci o Filipe quando tinha uns 13 anos — contou Mael.
No futebol
Nos últimos tempos, com a mudança de Filipe para Chapecó, Mael e ele se encontravam com menos frequência. Mas continuavam falando com regularidade. O último contato telefônico entre ambos foi sábado passado, véspera do jogo contra o Palmeiras, pelo Brasileirão.
Aliás, Mael e Filipe tinham um gosto comum, o futebol. Filipe se profissionalizou e vinha fazendo uma carreira internacional, com passagem pela zaga de equipes de diversos países. Mael preferiu continuar peladeiro de várzea, no Urucán, de Gravataí.
Festa no Rincão
Mael também participava das festas que Filipe organizava no Rincão da Madalena, onde adquiriu área e construiu um campo para diversão com amigos. Ele, inclusive, esteve no último encontro esportivo, realizado no final de 2014.
— Estavam lá os colegas dele (Filipe) da época em que jogava na base do Inter, os irmãos Diego e o Diogo, Renan, Labarte, Saraiva, Vinícius, Alex, Cabeça, Cícero, Riozinho, Leandrão — contou.
O professor Mael disse que nestes encontros esportivos não eram cobradas taxas, tipo jogo beneficente com renda para alguma entidade assistencial. Mas revelou que o jogador e a mãe, Desirée, com frequência auxiliavam instituições de caridade do município.
— Ele ajudava essas instituições com dinheiro do próprio bolso. Ele e a mãe. As vezes organizava algum evento uma rifa, mas ajudava.
Um baita pai
E qual a lembrança que o amigo guarda de Filipe? Mael não vacila!
— Na minha cabeça vai ser sempre um guri alegre, um amigo de todos, sempre brincalhão. E acima de tudo um baita pai e um marido exemplar.
O que aconteceu com o jogador gravataiense na altura das montanhas dos Andes ainda não foi "processado" por Mael. Ele diz que prefere manter na memória os bons momentos ao lado do amigo e “absorver”, o que aconteceu, devagar.
— Não caiu a ficha ainda. Esses mais de 20 anos de amizade foram marcados por momentos muito bons. Foi muita praia, festas, futebol, principalmente foi uma amizade cheia de muito carinho — comentou.
As fotos abaixo, cedidas por Mael, mostram o último encontro de amigos em jogo de confraternização no Rincão da Madalena, em Gravataí:
Câmara Federal
Na sessão plenária de ontem (29/11) o deputado federal Jones Martins (PMDB), fez pronunciamento na Câmara dos Deputados, em Brasília, solidarizando-se com a comunidade de Santa Catarina e os familiares dos que perderam a vida na queda do avião, na Colômbia.
— Especialmente à família de Filipe Machado, um menino que jogava na Chapecoense e era da minha cidade, Gravataí, que inclusive estudou na mesma escola em que estudei, a Dom Feliciano.
Jones classificou Filipe como “um guri” conhecido por muitas pessoas e que era estimado por todos com quem se relacionava.
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