A Câmara liberou o negócio imobiliário que projeta nos próximos dois anos mais de R$ 50 milhões em investimentos no Centro de Gravataí.
Num corujão que entrou a madrugada desta sexta-feira, a votação dividiu a oposição, que ficou entre San Juan Y Mendoza e optou pela abstenção.
Foram 12 os votos favoráveis ao projeto enviado pelo governo Marco Alba (PMDB) que autoriza a construção do Cyrela/Goldsztein Landscape na área que circunda o Seminário São José, em troca da cedência de terras na Lino dos Santos para a Prefeitura instalar um novo Parque de Eventos.
No pacote de medidas compensatórias para liberação em formato de condomínio fechado do empreendimento com 650 lotes, voltado para um público de classe média alta, a empresa também se compromete com a revitalização da Adolfo Inácio Barcelos, por onde será o acesso, incluindo o alargamento da avenida e a instalação de retorno e sinalização.
Ainda é prevista, entre outras ações, a construção de uma ligação entre a ERS-030 e a Lino dos Santos, transpondo o Arroio Demétrio, para servir como alternativa às pontes do Parque dos Anjos.
7h de debate
Apesar de mais de sete horas de debate, o projeto não teve votos contrários.
A oposição até ensaiou retirar o quórum, tática que deu certo na terça-feira, quando o governo, desfalcado por ausências, não conseguiu segurar os 11 vereadores necessários em plenário após um descuido de Alan Vieira (PMDB), que ao resolver um problema familiar ao telefone permitiu o adiamento da votação.
Nesta quinta, Dimas Costa (PSD) não concordou em abandonar o plenário novamente.
– Saí terça para permitir o adiamento e estudar melhor um projeto que tinha chegado de última hora para votação. Agora tenho segurança de que é um investimento importante para a cidade. Vou votar a favor – avisou.
– Não faço oposição por oposição – respondeu a colegas que ironizavam fora dos microfones que ele havia virado 'o líder do governo'.
Além de Dimas, Beto Pereira (PSDB) – oposição após o rompimento do vice-prefeito Francisco Pinho (PSDB) com o governo antes da campanha eleitoral – também votou a favor, junto aos dez vereadores da base do governo.
Outros cinco vereadores oposicionistas que estavam em plenário se abstiveram.
Quatro parlamentares estavam ausentes.
– Faltam informações. Estamos assinando um cheque em branco. Não há uma avaliação recente da área e o município pode estar perdendo dinheiro. Também não há impacto ambiental – criticou Paulo Silveira (PSB), principal articulador das manobras para adiar a votação do projeto e que vai procurar o Ministério Público para pedir uma verificação na documentação de liberação do empreendimento pela Prefeitura, Metroplan e Iphan.
– Em um momento de crise temos que aplaudir e não espantar um investimento desse porte – defendeu o líder do governo, Juarez Souza (PMDB).
– É um ótimo negócio para Gravataí. Todo entorno do Seminário vai mudar. E uma área de 80 hectares que não recolhia um centavo em IPTU vai gerar emprego e movimentar a economia local, além de garantir uma área adequada para o Parque de Eventos – argumenta o secretário de Desenvolvimento Urbano Claudio Santos, que na terça respondeu a questionamentos dos vereadores sobre a negociação.
Conforme ele, as obras devem começar em, no máximo, 45 dias.
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Os votos
Confira como votaram os vereadores que ficaram até o final da sessão, que encerrou depois da meia noite de hoje.
A FAVOR
Alan Vieira (PMDB), Clebes Mendes (PMDB), Juarez Souza (PMDB), Nadir Rocha (PMDB), Alex Tavares (PMDB), Paulinho da Farmácia (PMDB), Tanrac Saldanha (PRB), Roberto Andrade (PP), Gerson Rovisco (PV), Evandro Soares (DEM), Beto Pereira (PSDB) e Dimas Costa (PSD).
ABSTENÇÕES
Carlito Nicolat (PSB), Carlos Fonseca (PSB), Paulo Silveira (PSB), Alex Peixe (PDT) e Dilamar Soares (PSD).
AUSÊNCIAS
Alemão da Kipão (PSD), Fred Pinho (PSDB), Márcio Souza (PV) e Maribel Wagner (PCdoB).