A secretária estadual do Meio Ambiente, Ana Pellini, participou de passeio pelo Rio Gravataí na tarde desta quinta-feira (3/11). Pellini veio à Gravataí conhecer parte do rio e o processo de assoreamento das margens, provocada principalmente pelo uso ilegal da água por arrozeiros.
O deslocamento pelo rio, organizado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente (FMMA), foi realizado no barco-escola da Associação de Preservação da Natureza de Gravataí (APN-VG), a partir do Passo dos Negros.
Com intervenções do coordenador do projeto Rio Limpo, geólogo Sérgio Cardoso, foi lembrado ao grupo o trabalho de Educação Ambiental que a ONG vem desenvolvendo na bacia do Gravataí.
O ambientalista da FMMA, Paulo Müller, fez comentários sobre as características do rio e deu ênfase à grande obra prejudicial que foi o canal de drenagem executado pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), na década de 1960.
Lembrou que o propósito era secar áreas do banhado para a ampliação das lavouras de arroz. Com isso, a descaracterização da “esponja natural” passou a comprometer o abastecimento da população em períodos de estiagens prolongadas.
Barcos pequenos
Depois de cerca de meia hora, na altura da Lagoa da Anastácia, o grupo foi dividido em duas pequenas embarcações para seguir até a região de banhados formadores das nascentes do Rio Gravataí.
Na pauta, a principal atenção estava voltada às áreas que sofrem com o processo de erosão e podem prejudicar, ainda mais, o volume de água nos períodos de estiagens.
No grupo estavam também o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da SEMA, Fernando Meireles, técnicos da FMMA de Gravataí, e integrantes do Projeto Rio Limpo, da APN-VG.
Documentário
No mesmo passeio pelas águas marrons de um sereno Gravataí com nível bem acima do normal, dois jornalistas-câmeras-produtores-editores da Casa de Criação (www.casadecriacao.com.br) gravaram imagens para documentários que estão sendo veiculados pela TV-E, do governo do estado.
Celina Carnal e Gilberto Lima captaram cenas para o sexto episódio de um programa sobre sustentabilidade – este com o tema água e gestão da á-gua. De acordo com Celina, o programa com as imagens do Rio Gravataí e depoimento de Sérgio Cardoso, da APN-VG, deve ir ao ar no final deste mês ou começo de dezembro.
Velho marujo
O catamarã, barco utilizado nos passeios guiados pelo Gravataí (projeto Rio Limpo) teve como timoneiro um descendente de mexicanos, Rodrigues João da Silva, 56 anos. Ele tem a Caderneta de Inscrição e Registro como contramestre.
É um documento equivalente à Carteira Nacional de Habilitação que o senhor e a senhora tem, para dirigir veículos automotores pelas ruas e estradas. A caderneta foi emitida pela Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul, órgão jurisdicionado à Marinha do Brasil.
Rodrigues garante que pilotar o catamarã é como dirigir uma Ferrari – carro de luxo, caríssimo! – e conta que comanda barcos há mais de 30 anos. Era pescador, em Rio Grande, e pilotava barcos de até 30 toneladas. Pelo mar, conheceu do Uruguai a Macapá, no Amapá, extremo Norte do Brasil.
Passeios
De acordo com Sérgio Cardoso, os passeios pelo Gravataí, de segunda a sexta-feira, são para grupos com no mínimo 30 pessoas (passeios técnicos) e devem ser pré-agendados. Nos finais de semana – sábados e domingos com saída às 15h – são abertos ao público e custam R$ 20,00 por pessoa.
Cada um destes passeios dura cerca de duas horas e percorre desde o Passo dos Negros até a altura do Caça e Pesca, retornando até a Lagoa da Anastácia e depois, de novo, Passo dos Negros. O agendamento prévio deve ser feito por e-mail: apnvg.agendabarcol@gmail.com.