O agora confirmado prefeito eleito de Gravataí, o pedetista Daniel Bordignon, 57 anos, que recebeu 45.374 votos na votação de 2 de outubro, acompanhou na cama e ao lado da esposa e vereadora eleita Rosane Bordignon – 1.578 votos, também do PDT – o julgamento realizado no pleno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na manhã desta quinta-feira (27/10).
A decisão do TSE aconteceu na árida capital da República, Brasília, e foi acompanhada de perto pelo vice-prefeito eleito, Cláudio Ávila, mentor de toda a estratégia de defesa de Daniel Bordignon.
Não houve gritos de euforia e nem queima de fogos na casa da família, na vila Dona Mercedes. Os primeiros a chegarem para festejar o placar de seis votos favoráveis e um contrário à homologação do registro da candidatura de Bordignon pelo pleno do TSE foram o coordenador geral da campanha e fiel escudeiro de todas as horas, Diego Pereira, com a esposa Daniela e um de seus maiores fãs, o filho Douglas.
Em seguida chegaram o tesoureiro do PDT gravataiense, Tiago Lee Rosa de Oliveira, e o vice-presidente trabalhista, Humberto Reis.
Bordignon só apareceu para receber os abraços dos correligionários e amigos as 10h25min, quase uma hora depois do desfecho que lhe foi favorável, em Brasília.
Café
Enquanto Nyaya, filha de Rosane, preparava café para a mãe, Daniel e os visitantes, o futuro prefeito disse ao Seguinte: que a tarefa, a partir de 1º de janeiro, vai ser de reconstrução da cidade ao lado de pessoas, segundo ele, “que tiverem boa vontade”.
— A situação da cidade é bastante difícil. Esse governo enganou a população ao longo de cinco anos, mentiu para as pessoas, e por isso vai sair pela porta dos fundos. Não fez sequer 25% dos votos, teve 75% dos votos da população contra ele mesmo utilizando a máquina de modo sem precedentes e de forma vergonhosa.
De forma comedida e “medindo” as palavras para não ferir egos e suscetibilidades, Bordignon disse que ainda é muito cedo para pensar em transição e montagem da equipe com a qual vai comandar a prefeitura de Gravataí a partir de 2017.
— Até agora procurei não me movimentar neste sentido, não fiz qualquer articulação com objetivo de compor o governo, sequer entrei em contato com os vereadores eleitos. Acho que é uma questão de respeito que eu deveria ter por não estar formalizada a eleição. Até hoje cedo eu não era o prefeito porque os votos estavam sob júdice, apesar de haver uma clara manifestação da população sobre quem ela queria que governasse a cidade.
Justiça feita
Entre vários telefonemas e enquanto os dirigentes da campanha e do partido conferiam na internet a repercussão da decisão do TSE, vestindo uma calça de brim, camisa branca, jaqueta de nylon e o tradicional sapato preto, Daniel Bordignon disse que o pleno do tribunal restabeleceu a verdade e fez justiça em relação ao seu nome.
— No Tribunal Superior Eleitoral o que vale é o direito, o que está na Constituição, e não as injunções políticas, as pressões políticas ou o compadrio. Nós tivemos uma vitória expressiva, quase unânime, e que representa o que há de melhor no direito público e no direito eleitoral brasileiro.
Festa nas ruas
Sobre se iria comemorar a decisão do TSE com a família, com amigos e coordenação de campanha, Bordignon, eleito pela primeira vez prefeito de Gravataí em 1996 e reeleito em 2000, como bom professor de História precisou de poucos segundos para disparar:
— Vai ter festa nas nossas ruas.
A frase é uma de suas preferidas para lembrar da opressão nazista na II Guerra Mundial, sobre os soviéticos. Foi uma resposta ao líder alemão, em Stalingrado, na União Soviética, quando Adolf Hitler disse que haveria festa em Munique, na Alemanha.
— Na verdade a festa foi nas ruas de Stalingrado, dos homens e mulheres que lutavam pela liberdade, a justiça, pelos direitos humanos e a felicidade das pessoas — completou.
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