Você que tem filho já deve ter passado por isso. Com o advento da tecnologia se acentuou o vicio em desenhos animados. Eles podem assistir o que quiser, a hora que quiser. Antigamente, se a gente dormisse um pouco mais, perdia o desenho predileto. Se tivesse que fazer um tema na hora do desenho, só no outro dia pra assistir. Hoje, não. Se são viciados em algum desenho, eles o têm à disposição no momento que quiser. Acordando, dormindo, indo tomar banho, no carro, no shopping.
Às vezes eu acho que a fase da Peppa vai durar pra sempre. Já imagino a Lauren fazendo 15 anos e eu entrando vestido de Papai Pig, todo o Salão temático, rosa, com o dinossauro do George na entrada em tamanho real. Já imagino a Lauren casando, chegando na Igreja no carro vermelho do Pai Pig. Na festa, todos os convidados recebendo nariz de porco pra comemorar. Me imagino tendo que criar poças de lama no quintal de casa pra ela brincar aos oito anos. Passear nos balões de Torres pra ela achar que é o da Dona Coelha. Indo morar numa colina pra simular a casa da Peppa.
No fundo eu sei que passa. Que a Peppa é uma fase, que as crianças condensam em poucos anos toda a vida cíclica que temos. Que um dia aquilo é tudo o que de mais importante podemos ter, e no outro dia enjoamos. A Peppa é um micro estágio da vida adulta. Ela ainda vai passar pela febre do tênis das amiguinhas, pela mochila da onda, pelo corte de cabelo radical da moda. Talvez de alguns ela sinta vergonha quando crescer. Como as fotos que tenho, aos oito anos, com o cabelo do Chitãozinho e Xororó. Mas tudo passa. E eu espero que a Peppa também passe (amém).
