Candidata socialista não poupa as palavras contra a situação considerada por ela como "lamentável" vivida em Gravataí de uma eleição que não terminou no dia da votação e avisa: quer concorrer se houver nova disputa
Anabel Lorenzi está resfriada.
A segunda-feira sem compromissos políticos não foi suficiente para recuperar o cansaço dos 45 dias que antecederam o domingo em que ela e sua coligação somaram 25.756 votos na disputa pela Prefeitura, elegeram cinco vereadores e fizeram dela a terceira força política na cidade.
– Ainda não fizemos um balanço aprofundado dessa eleição, mas pessoalmente acho lamentável que cidade não saiba ainda quem vai governar pelos próximos quatro anos.
Anabel está sendo Anabel.
Conhecida pela franqueza e por não medir muito as palavras quando se posiciona sobre os dilemas que a política lhe impõe, ela critica claramente a postura de Daniel Bordignon (PDT) por ter disputado a eleição, segundo ela, sabendo que seria impugnado em algum momento.
– Quase 60 mil eleitores não foram votar, votaram branco ou anularam o voto. Mais de 83 mil escolheram seus candidatos e não foi o candidato do PDT. E tem gente querendo ganhar no grito, dizendo que é a voz do povo, desconsiderando a lei?
– Os números também podem ser interpretados dessa forma – diz.
"Sem máquina, sem mentiras"
O resfriado que acomete Anabel não foi por acaso. Ela viveu dias intensos em 2016 – especialmente estes últimos.
– Nossa campanha foi uma campanha limpa, honesta, sincera e respeitosa – conta, para acrescentar um "modesta" em seguida.
– Somos de uma candidatura que não usou a máquina, não teve o poder econômico, nem precisou mentir.
Nesse quadro, o resultado lhe agradou: foram cinco vereadores eleitos pela coligação, três do PSB, que amplia em um o tamanho da bancada eleita em 2012 e mantém em 2017 o número de parlamentares de 2016.
"Se tiver nova eleição, quero concorrer"
Anabel ainda não conversou detidamente com os advogados do partido para saber o que esperar dos próximos dias, mas acredita que a impugnação de Bordignon vai ser mantida no Tribunal Superior Eleitoral e uma nova eleição convocada em seguida.
– Só lamento, não por mim ou por minha candidatura, mas pela cidade. Gravataí merecia saber quem será o seu governante. Agora, temos todos que nos submeter a espera pela decisão do TSE.
– Se uma nova eleição acontecer, quero ser candidata, sim. Não tenho condenação, sou ficha limpa e não dependo da justiça para concorrer, só da vontade do meu partido – garante.
Pela renovação
A nova eleição, para a candidata socialista, é só uma hipótese, hoje. Por isso, ela não trabalha com cenários reais como nova composição na sua coligação.
– Isso vai se dar no momento certo. Ninguém sabe direito ainda.
Mas admite – ou acalenta a esperança – que forças políticas que orbitaram outras candidaturas possam estar com ela.
– Seguiremos nossa caminhada de cabeça erguida. Há um setor na cidade que quer a renovação.
LEIA TAMBÉM:
Novo presidente da Câmara pode virar prefeito
Tapetão News: O que acontece agora