Uns levam na brincadeira, mas para quem conhece um pouquinho a política é bem perceptível que há uma estratégia pensada por trás dos materiais de campanha de Valter Amaral e o esperneio do PT para se manter vivo na aldeia.
Se o dinheiro é pouco, muita semiótica. E muito Carlos Athanazio, marqueteiro das campanhas do partido desde os anos 80.
Primeiro, muitos riram com o slogan "o melhor prefeito é 13". O que poderia parecer um deboche, buscava inscrever o (justo) DNA do PT nos governos de Daniel Bordignon – hoje no PDT e um dos adversários nesta eleição.
Para quem não se ligou, a frase remete aos antigos panfletos de campanhas petistas que apresentavam Bordignon, baseado em uma pesquisa, como "o melhor prefeito da história de Gravataí".
Junto ao slogan, os jornais de campanha do PT trabalharam o legado de obras e ações do partido, independemente de quem fosse o prefeito(a), nos quatro governos em Gravataí – de 1997 a 2004 com Bordignon, de 2005 a 2008 com Sérgio Stasinski e de 2009 ao impeachment de 2011, com Rita Sanco.
Depois, pareceu vir um reforço na imagem do candidato, Valter, que participou dos quatro governos petistas, mas era – e ainda é – um desconhecido do grande público.
Nos jornais de campanha, o professor e psicanalista apareceu mais, ganhou uma figura estilizada ao estilo Obama (e por vezes com óculos tipo 'mídia ninja') e saiu para as ruas com 'pirulitos' temáticos, da igualdade de gênero, de raça, em defesa dos animais e outras lutas sociais.
Inclusive um desses materiais, que reproduzem um 'v', de vitória e de Valter, tem um dedo cortado, para lembrar as pessoas com deficiência, como Lula, que não foi escondido, como também não o foram Dilma e outros líderes hoje mais palatáveis até aos 'coxinhas', como Olívio Dutra.
Essa conexão nacional, que possivelmente o PT desprezaria se Bordignon tivesse permanecido no partido e fosse seu candidato, foi explorada por Valter, que usou e abusou do "primeiramente, fora Temer!" e da ressurreição de bandeiras bem à esquerda, enroladas num passado recente em que o partido começou a se enrolar nacionalmente.
Agora, na reta final, parece que o PT busca focar no 13. E traz um adesivo, já em distribuição, que diz "Bomdenovo é 13", nas mesmas letras, fontes e cores que usava nas campanhas em que Bordignon era seu líder maior.
E o ex-prefeito parece ter acusado o golpe, ou pelo menos se preocupado com algum tipo de confusão do eleitor ao ir às urnas, pois no último material que colocou na rua, quarta-feira, quase metade da folha era ocupada por um "Bordignon agora é 12".
Enfim, divertida e politicamente correta e incorreta ao mesmo tempo, se é que isso é possível, a campanha do PT se diferencia por fugir do convencional e afastar a depressão, em uma eleição em que o partido (em outros tempos o mais querido da aldeia nas pesquisas de opinião) luta para manter a cabeça para fora da poça e eleger pelo menos um vereador.
Em pouco papel-moeda e muito papel reciclável, é uma campanha que, como diria o outro, mostra que novo mesmo, só coisa muito antiga…
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