Nossa região é uma grande consumidora de energia. Cada vez mais nossos equipamentos são eletrônicos e necessitam que tenhamos em nossas casas energia 24 hora/dia. Não possuímos nenhuma geração de energia, ou seja, hidrelétrica ou termoelétrica no Vale do Gravatai. Nossa fonte de energia mais próxima é através da geração produzida através dos ventos do litoral gaúcho. Louvável que tenhamos desenvolvido esta capacidade de aproveitamento energético.
Recentemente, várias linhas de transmissão têm sidos projetadas e executadas para que tenhamos a chegada desta energia. O setor elétrico projeta seu sistema de maneira isolada, pois primeiramente foi projetada, licenciada as torres de geração. No segundo momento entra o projeto e licenciamento de suas linhas de transmissão. Este tem sido o debate atual sobre os licenciamentos em nossa região.
Temos na porção superior da bacia hidrográfica do Gravataí, a Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande, composta de banhados que servem de local de migração para várias espécies de aves que atravessam o continente e encontram no banhado seu ambiente de procriação ou seu descanso para continuarem suas trajetórias.
Na lógica do setor elétrico de encurtar o caminho para economizar seus gastos não combina com a lógica de preservação dos corredores das aves. Estas linhas hoje projetadas apresentam grandes erros de desrespeito à migração das aves, pois tornam-se armadilhas mortais, funcionando como barreiras construídas.
Também, com a projeção de linhas de transmissão sobre áreas urbanas consolidadas tem sido um desafio para a disputa de espaço terrestre. Estas compatibilizações devem ser ambientes de grandes debates dentro do Conselho da Apa do Banhado Grande. Os municípios não estão conseguindo dar conta desta política regional, graças a sua visão pontual do território.
Necessitamos de energia para atender nossas demandas, porém temos condição de fazer de maneira equilibrada, permitindo com que possamos organizar o que hoje está desorganizado. Definir corredores de transmissão de energia, deve ser um desafio da sociedade organizada.
Estamos disputando o espaço aéreo, uma situação até pouco tempo difícil de imaginar que este seria juntamente com o mercado imobiliário urbano, uma pauta de nosso cotidiano. Projetarmos consumos de energia para uma região também deve ser comparada à projeção de uso de água, insumo indispensável para que possamos desenvolver uma sociedade.