Foi uma semana para confirmar uma certeza: tudo é incerto! Como escreveu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, vivemos em tempos líquidos, nosso estilo de vida é tecido por frágeis laços e o embaçamento moral é evidente.
Era sabido que o afastamento da presidenta (sim, existe no dicionário a forma gramatical no feminino) do Brasil aconteceria.
Não sou do tipo que sai gritando “rasgaram a Constituição”, mas a incerteza que me aflige é saber que esse instrumento pôde ser manipulado ao bel prazer, para fazer parte do que o juiz aposentado e ex-presidente do Supremo, Joaquim Barbosa denominou de “patético espetáculo de impeachment tabajara”, em sua conta no twiter. Creio que o nobre jurista referia-se ao quadro humorístico Organizações Tabajara, do extinto programa de televisão Casseta & Planeta.
Antes desse desfecho, homens e mulheres vestidos de verde, amarelo, vermelho e com muitas outras cores, saíram às ruas nos quatro cantos do país bradando contra a corrupção.
Nas redes sociais, usadas por muitos neste período ímpar da nossa realidade política, as emoções tomaram conta dos embates entre os que acusavam e os que defendiam Dilma Roussef. Acompanhei tudo que consegui como alguém que discorda da grosseria e falta de respeito, mas feliz pela existência da liberdade de manifestação.
Foram nove meses de gestação que culminaram com o parto no qual a mãe do PAC foi afastada do poder por sujeitos com claro embotamento moral, fingindo que escutavam as vozes das ruas.
Não sei se sairemos do picadeiro fortes ou fracos. Diferentes, com certeza.