A guerra síria que vem num crescente há cinco anos, choca o mundo de tempo em tempo, especialmente, quando a imagem de um inocente vem à tona. Infelizmente, o mundo parece cruzar os braços quando o problema não é seu. Segundo a Unicef, quase metade das crianças sírias conhecem o clima de guerra, de instabilidade, pânico e bombardeios, até porque, as crianças encontram-se na linha de fogo do terror, pois os alvos são, justamente, creches, abrigos, ambulâncias, hospitais e centros de grande movimentação.
Essa semana, o pequeno Omran Daqneesh, pouco mais velho que a minha filha, foi vítima de um desses tantos bombardeios. Quando resgatado, sentou em um assento da ambulância com o corpo tapado de poeira e sangue. Passou a mão na testa ensanguentada e não teve maior reação. A resignação daquela criança diante do terror me chocou. Os nossos filhos ficam nervosos e zangados quando querem um pirulito, quando não querem escovar os dentes ou querem brincar até mais tarde. Aquele menino sírio não esboçou reação diante da iminência da morte, o que me leva a crer que está ambientado àquele tipo de cena.
As crianças não escolhem crescer em meio às guerras política, religiosa, por poder, espaço, território, mas estão entregues ao mundo sem que o mundo as proteja. Enquanto não for no nosso quintal, com os nossos filhos, podemos seguir a vida tranquilamente, e só vamos refletir quando outro menino sírio aparecer morto na beira da praia, ou sentado ensanguentado em uma ambulância. O mundo precisa de atitude.