Enquanto o prefeito Marco Alba (PMDB) conversava reservadamente com o vereador Robertinho Andrade para achar um lugar ao sol para o PP na coligação, o secretário Laone Pinedo municiava os pré-candidatos a vereador com informações sobre a saúde.
– Nas eleições sempre vem à tona o que os governos deixam de fazer. Nós somos a vidraça. Para cada pessoa, o seu problema é o mais importante. Isso é natural. Para enfrentarmos isso, precisamos conhecer o que fizemos, o que estamos fazendo e o que ainda será feito – disse, começando a detalhar no telão uma apresentação que lembrava ferramentas de gestão empresariais como o planejamento estratégico.
O motivo de Laone ser a estrela da noite de ontem é que, na segunda-feira passada o grupo de 12 partidos começou uma rodada de reuniões semanais, e os questionamentos dos candidatos à Câmara foram quase todos sobre a saúde.
Num salão cheio, nos fundos do CTG Aldeia dos Anjos, e com o plano de governo apresentado em 2012 nas mãos, o secretário preferiu mostrar o que foi feito para além das lamentações sobre a crise que come anualmente R$ 300 milhões do orçamento de Gravataí.
– Cumprimos mais de 70% do que prometemos – garantiu, contando que há 15 dias o prefeito chamou cada secretário para revisar item por item do caderno de propostas e cobrar as metas traçadas no início do governo.
– A prioridade do nosso governo sempre foram as pessoas. Só neste ano no Brasil, quase um milhão não puderam mais pagar planos de saúde e precisam ser atendidos pelo SUS. Que por sua vez perdeu 23 mil leitos. As notícias são diárias de emergências fechando as portas em Porto Alegre. Atendíamos 600 pessoas por dia no SUE 24 Horas, e hoje atendemos 800. São 18 mil pessoas por mês, enquanto o novo Hospital da Restinga, com altos investimentos, atende 8300.
– Poderíamos fechar a emergência também. Mas o prefeito disse que não. Mandou atender quem chegar. Montamos uma operação de guerra, mesmo assim é óbvio que aumenta a espera. Mas garanto a vocês, que não é muito tempo a mais do que qualquer convênio. E por um serviço de excelência – disse, observando que, enquanto Pelotas tem 750 leitos para 300 mil habitantes, Gravataí com uma mesma população tem apenas 127, e está entre os únicos 9% dos municípios com leitos de UTI.
– Do 24 Horas, que é mantido 60% com recursos da Prefeitura, estamos fazendo praticamente um hospital. E que atende toda região metropolitana. Não era para termos internação, mas semana passada havia 26 crianças internadas lá. Originalmente temos 8 leitos para pediatria – alertou, sorrindo ironicamente ao falar sobre a construção de um hospital regional, ou estadual.
– Para fazer hospital público só com recursos federais e estaduais. Então, esqueçam. Não cumprem nem com as obrigações básicas com os municípios. Por isso faltam remédios, por exemplo.
O caminho encontrado pelo governo para desafogar o atendimento de emergência foi planejar e investir na atenção básica em saúde, que se dá nos postos de bairros e com esquipes de saúde da família. Ele citou a construção de unidades modelo no Parque dos Eucaliptos e na Cohab C, “a maior e mais moderna do Rio Grande do Sul”, a reforma na USF da Morada do Vale II, e as ordens de início de obras no São Vicente, São Geraldo, Itatiaia e Parque Olinda.
– Na Aliança, não botaria nem um boteco com sinuca para vender cachaça no local onde as pessoas são atendidas. A população tem todo direito de reclamar.
– Mas ali, no São Geraldo e em outros lugares, em governo anteriores, foram lá num amigo e alugaram o prédio – denunciou mostrando fotos das unidades e perguntando quanto valeria por mês:
– 500 reais – alguém avaliou.
– São pagos R$ 6 mil mensais – respondeu, provocando murmúrios de surpresa.
Laone também explicou a estratégia de construir duas UPAs, uma na zona sul, a da parada 75, e outra na zona norte, a das Moradas, que somadas ao Hospital Dom João Becker dividirão a cobertura de urgência e emergência para todas as regiões da cidade.
– A UPA sul está 70% pronta e será entregue até dezembro. Na norte as obras já começaram.
O secretário expôs também outros investimentos, como na área de especialidades, com a Policlínica, e neonatal, com o novo Centro de Obstetrícia.
– Lembram que as policlínicas foram promessa da presidente afastada na campanha de 2014? A nossa fizemos toda sozinhos, com recursos da Prefeitura.
– Na atenção à criança recebemos o prêmio que mais emocionou o prefeito. De 2013 a 2015, reduzimos a mortalidade infantil de 7,9 para 6,9 a cada mil nascimentos. Sabem qual a média nos Estados Unidos? 6,8.
Balançando o livrinho com o plano de governo, Laone também falou rapidamente sobre a modernização administrativa e a mobilidade urbana.
– Não havia gestão em Gravataí. Não tinha interligação entre os setores e nem internet. Abnegados funcionários tinham que levar serviço para casa, para lançar em seus computadores pessoais, para que pacientes não perderem consultas.
– Na mobilidade, olha a Jorge Amado duplicada, a Avenida Brasil, a Itacolomi…
No encerramento, mais um reforço no “cuidar das pessoas” que, como em 2012, será slogan de campanha:
– Vale a pena cuidar das pessoas. Sabiam que aumentamos a expectativa de vida em 3 anos em Gravataí?
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