Em 1960, após a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, iniciativa da União Brasileira de Escritores, foi instituído o Dia Nacional do Escritor, comemorado anualmente em 25 de julho.
O que dizer sobre esses que povoam nossas vidas com tantas outras vidas?
Deixo a eles – alguns dos grandes escritores brasileiros que admiro – as palavras.
“O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive através de reflexos, espelhos, imagens, palavras. O não-real, o não-palpável. Você me dizia: 'que diferença entre você e um livro seu'. Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos. Alguns estranhos'”. (Caio Fernando Abreu)
“Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor, outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre o beijo e a boca,
tudo se evapora.”
(Carlos Drummond de Andrade)
“o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”
(João Guimarães Rosa)
“… poesias, a poesia é
– é como a boca
dos ventos
na harpa
nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha noite
raiz entrando
em orvalhos
os silêncios sem poro…”
(Manoel de Barros)
“Ah, o trabalho do poeta! Nem queiras saber…
É muito pior do que armar meticulosamente um castelo de cartas,
ou uma Torre Eiffel com pauzinhos de fósforos ante a janela aberta”
(Mário Quintana)
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Um castelo de cartas, a boca do vento nas harpas, o real no meio da travessia, as palavras voláteis, a neurose de nem sempre saber viver ao vivo: tudo isso e muito mais é o ofício da escrita.
A mim, que não seria a mesma pessoa sem que tivesse vivido todas essas vidas, todos esses versos, todos esses enredos por eles inventados, resta-me ser grata.
Parabéns a todos os escritores!