Nos próximos anos, pode haver novas ondas de desemprego e precarização do trabalho. O pensamento dominante responsabilizará a automação e a robótica. É falsidade grosseira
Existe uma percepção muito propagada de que as novas tecnologias de automação, biotecnologia, digitalização e inteligência artificial estão revolucionando os postos de trabalho, com enormes implicações na quantidade de vagas disponíveis, dado que todas essas inovações permitem – por meio de um enorme crescimento da produtividade – realizar as mesmas tarefas com um número menor de trabalhadores. Supõe-se que substituir trabalhadores por máquinas e robôs é hoje um fenômeno generalizado nos países de capitalismo avançado. A redução da população que trabalha e as novas realidades vividas por aqueles que continuam empregados seriam devidas à introdução destas mudanças, que compõem aquilo que conhecemos como revolução digital.
Além de eliminar postos de trabalho, esta revolução reconfigurou aqueles que restaram, ao permitir maior flexibilidade e substituir empregos estáveis por outros instáveis. Esta percepção assume-se que, da mesma forma que a linha de montagem (própria do fordismo e que caracterizou a revolução industrial) criou a classe operária, a robótica e a inteligência artificial, características da chamada revolução digital, estão criando o precariado — fusão dos termos “precário” e “proletariado”.
Sempre segundo essa leitura da realidade, a classe trabalhadora industrial está sendo substituída pelo precariado – isto é, trabalhadores em condições de trabalho muito precárias, com empregos instáveis e muito flexíveis, com baixos salários e contratos muito curtos. Nesta situação, assume-se que o mercado de trabalho será composto por uma minoria com empregos estáveis e salários altos, donos de um alto conhecimento especializado, que dirigirão as empresas digitalizadas; por um número maior de trabalhadores pouco especializados e com baixos salários; e, finalmente, por uma grande maioria desempregada, pois a revolução digital tornará desnecessários os trabalhos que requerem intervenção humana. Assim, surge a imagem de que, num futuro muito, quase metade dos postos de trabalho terá desaparecido.
O Seguinte: recomenda a leitura na íntegra do artigo traduzido e publicado pelo Outras Palavras. Clique aqui