PSDB abre para médico ser vice de Anabel; a conversa que Levi e ela tiveram; a espera por Marco Alba; e o que fará, hoje, Levi decidir se mantém a candidatura. Ou não
Há duas semanas, o telefone de Anabel Lorenzi (PSB) tocou no meio da tarde. Do outro lado da linha, um se dizendo interlocutor do PSD. Queria falar sobre parceria para eleição.
– Vamos conversar, sim. Estamos abertos. Mas já tenho um vice. Teríamos que conversar todos para ver se há como rever isso agora – teria dito a candidata socialista.
O vice de Anabel é Beto Pereira, do PSDB, aliado que, naqueles dias, recém havia abotoado a aliança com o amém de Francisco Pinho, vice rompido com o governo Marco Alba (PMDB).
De lá para cá, o assédio sobre cada um dos integrantes da cúpula do PSD na cidade tem sido quase fiel. É o comportamento padrão tanto de tucanos quanto de socialistas. Diário. Determinado. Quase cansativo.
Alemão da Kipão, indicado vice de Levi, soprou no plenário, dia desses, que tanto Beto quanto Fred Pinho – o filho de Francisco – o procuram para intermediário com Levi.
– A gente abre mão para o Levi e vamos ganhar a eleição – teria dito Beto.
Ou quase isso.
Dilamar Soares e Dimas Costa, irmãos e também vereadores do PSD, ouviram o mesmo refrão da cantilena mais de uma vez:
– Juntos, a gente ganha deles – torcem.
Os motivos de tanto assédio? O Seguinte: conta mais adiante nesta mesma reportagem.
Anabel e Levi conversam
Há cerca de uma semana, Anabel, Levi e Alemão tiveram uma conversa. Segundo apurou o Seguinte:, estavam presentes – além dos candidatos -, Luis Stumpf e Dilque Jones, ambos do PSB e da confiança estrita de Anabel.
Foi nesse encontro que a vice da socialista teria sido posta à mesa para Levi, já com o aval de Pinho. A única condição do tucano era que Dilamar não fosse indicado para o cargo.
Pinho e Dilamar tem uma cisma mútua e particular, se evitam.
Alemão também teria cedido. Quer concorrer a deputado estadual em 2018 caso a chapa do PSD venha a ser desfeita e garante que não disputa a reeleição em respeito aos pré-candidatos do partido já colocados hoje.
Embora longa e esclarecedora dos propósitos de cada um, a conversa não foi conclusiva.
Reunião da cúpula e pacto de silêncio
Domingo, o presidente do PSD de Gravataí, João Portela, chamou uma reunião de urgência com a cúpula da campanha de Levi. O médico, Alemão, Dilamar, Dimas e o coordenador de campanha, Cristiano Kingeski, foram à casa de Portela com a noite já escura.
Sobre o que se tratou lá, fizeram um pacto de silêncio. Mas parece óbivo que falaram sobre a proposta de Anabel. E de que saídas teriam para aceitá-la ou evitá-la.
A primeira providência foi o adiamento da convenção. A informação sobre a falta de alguns documentos para o registro dos candidatos é verdadeira, mas não a única explicação para empurrar o encontro uma semana no calendário. O PSD e seu candidato, Levi, vivem um momento de reflexão.
Levi decide não parar a campanha, no entanto. E, pessoalmente, se ocupa de desmentir qualquer hipótese de desistência. Nas agendas que vem fazendo com pré-candidatos a vereador diz que ele e Alemão seguem firmes. Na madrugada de hoje, o Seguinte: publicou a notícia sobre um print de celular com mensagens de What's App em que Levi diz que esses boatos sobre estar com Anabel são intrigas para desestabilizar sua candidatura.
LEIA AQUI A NOTA SOBRE O WHAT'S DE LEVI CONFIRMANDO QUE É CANDIDATO
Pesquisa vai determinar para onde ir
Em algum momento entre domingo e segunda-feira, Levi e a cúpula do PSD decidiram que uma pesquisa eleitoral encomendada pelo partido balizaria a decisão sobre os rumos da campanha. O levantamento é para uso interno, não tem registro na Justiça Eleitoral e não poderá ser publicado sob pena de multa e crime eleitoral.
Mas é científico. Feito pelo Instituto Methodos. E dirá coisas sobre o quadro da candidatura.
Levi deve receber os números hoje à tarde – pouco antes de uma nova conversa com a cúpula do PSD e suas conjecturas.
Então, os motivos do assédio
A pressa por uma decisão rápida de Levi sobre o apoio a Anabel tem seus motivos. A candidata socialista não admite isso publicamente, mas teme que Marco Alba se mobilize pelo outro flanco do campo e também seduza Levi para apoiá-lo.
Marco e Levi militaram juntos no PMDB desde 2007. O médico foi vereador pelo partido e candidato a deputado duas vezes. Ambos são considerados 'candidatos do centro' e, em princípio, tem uma base formadora de opinião comum.
O segundo motivo: Anabel sonha em ser a candidata única da oposição caso haja algum problema com o registro da candidatura de Daniel Bordignon. Ela mantém conversas com o advogado Cláudio Ávila, escolhido ontem para ser o vice do PDT, numa ideia de manter o bom nível da campanha, mas de olho em uma eventual desistência do ex-prefeito e no apoio que ele poderia dar a ela.
Prés do PSD estão com Levi. E só com Levi.
Os 32 pré-candidatos do PSD a vereador ainda não foram oficialmente consultados sobre o que pensam de uma eventual desistência de Levi – só sabem o que circula aqui e ali no meio político nestes últimos dias.
Destes, todos pedem apoio para Levi – muitos foram para o PSD só para isso. A maioria, no entanto, não vê com bons olhos uma eventual desistência e não dá como tão certa a aceitação e o apoio para Anabel.
Um dirigente do PSD que conversou com parte dos pré-candidatos esta semana ouviu que alguns romperiam com a campanha se fossem obrigados a ir para o lado da socialista. Já outros não querem estar com Marco Alba – notadamente Dimas e Dilamar, mais parte do grupo de pré-candidatos que, como os irmãos, tem algum desafeto com o prefeito.
Num cenário que pode levar a um esfacelamento da nominata à Câmara, todos admitem publicamente que o melhor é Levi levar adiante a candidatura – mesmo que, hoje, a pesquisa lhe pareça desfavorável e o assédio por uma decisão siga inevitável.
Tanto o de dentro quanto o de fora.