Aos 66 anos, Edir Oliveira adquiriu um gosto por cuidar de suas plantas no sítio onde mora há oito anos, na região da Corcunda. Mas enquanto mexe na terra, seus pensamentos teimam em vagar por um mundo que habita desde os anos 70: a política.
– Quem é da política, é da política. Sou dos que não acha isso feio, entende como vocação, como dedicar a vida às coisas públicas – resume o homem que traz no currículo, entre altos e baixo, láureas e condenações, uma bagagem de ex-vereador, ex-deputado federal, ex-secretário de Obras, da Região Metropolitana e do Trabalho e Assistência Social do Estado, e atual presidente do PTB de Gravataí.
Enquanto conta que entregou esta semana a papelada para a aposentadoria, e relembra momentos de sua trajetória, como o período em que, empoderado por suas famosas reuniões-dançantes, foi diretor social do Paladino, o clube mais tradicional de Gravataí, e presidiu, em tempos de ditadura, a associação estadual dos grêmios estudantis, o radialista falou com o Seguinte: sobre as eleições deste ano na sua Aldeia dos Anjos.
A seguir, trechos, onde o afilhado do lendário Dorival de Oliveira reafirma o apoio à reeleição do prefeito Marco Alba (PMDB), apesar do irmão, Amilton, ter aberto apoio a Levi Melo (PSD).
Seguinte: – Por que apoiar Marco?
Edir – O PTB é parte do governo, ajudou no projeto. Nos três primeiros anos o prefeito equacionou o rombo das dívidas e se mostrou um gestor muito capaz ao enfrentar crises que nunca vimos no Rio Grande do Sul e no Brasil. Manteve salários em dia, paga os fornecedores em dia, e fez uma opção por manter, e tentar ampliar, serviços básicos na área social. As prioridades do governo são claras: melhorou o contrato com o hospital, investiu em UPAs e postos de saúde, ofereceu uniforme a todos os alunos da rede municipal, está conseguindo oferecer obras de asfalto, modéstia a parte, com um legado de meu governo, que é a Usina Municipal de Asfalto… E numa circunstância de receita municipal caindo vertiginosamente e cortes em verbas estaduais e federais. Tudo que está acontecendo agora já era para estar em curso há um ano. Pelo brilhantismo com que enfrentou a crise, o Marco merece mais quatro anos para poder concluir o planejamento feito desde o primeiro dia de governo. É uma gestão premiada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Compare com outras prefeituras que você vai ver que vivemos uma experiência diferente em Gravataí.
Seguinte: – És dos mais experientes, se não o mais calejado, dos políticos na ativa na aldeia. Como observa a eleição deste ano?
Edir – É uma eleição parelha. De cada 10 eleitores, sete ainda não tem candidato a prefeito. Mas ainda acredito que, na reta final, teremos uma polarização.
Seguinte: – O velho GreNal da aldeia?
Edir – Sim, Marco Alba e Daniel Bordignon (PDT). Como não temos segundo turno, a polarização me parece inevitável.
Seguinte: – É eleição para quantos votos de diferença?
Edir – Não mais que os 10 mil da última.
Seguinte: – Por que tiras Anabel Lorenzi (PSB) e Levi Melo (PSD) do páreo?
Edir – Tenho uma avaliação de que todos esses escândalos e esse descrédito com a política não levam o eleitor a buscar algo novo. A opção será pela certeza, pela segurança, pelo currículo. Então, teremos uma eleição onde o eleitor vai comparar formas de governar. O Marco traz a tranquilidade de uma gestão que está dando certo, mesmo no pior momento que poderíamos imaginar.
Seguinte: E Anabel e Levi…
Edir – Só consigo ver a Anabel como uma candidata bem na sua Morada do Vale e o Levi como o candidato dos médicos. Não consigo vê-los como candidatos da cidade.
Tudo o que está acontecend
Seguinte: – O PTB fechou com o DEM do vereador Evandro Soares uma aliança para disputar a Câmara. O ex-prefeito Abílio dos Santos será candidato a vereador?
Edir – Sim, Abílio é candidato. Tem também o Luciano Oliveira, que foi secretário de Esportes, o Jô Gross, que fez 1.100 votos na última eleição… Teremos 16 nomes, o DEM outros 16. Acho que poderemos ampliar as cadeiras. Em 2012 o DEM teve dois eleitos, nós um.
Seguinte: – Amilton Oliveira, teu irmão, abriu apoio ao Levi.
Edir – É lamentável perder uma inteligência brilhante como a do Amilton. Mas é meu irmão mais velho, tenho que aceitar (ri). Continuamos amigos, mas defendendo projetos diferentes.
: Edir (à direita, com filho Luciano), acertou coligação com DEM do vereador Evandro Soares (E)