do eu para o nós

Está na hora de sair da inércia

É um mês a ser esquecido. Começou com as repercussões do estupro coletivo no Rio de Janeiro. No mesmo dia, no Piauí, a mesma atrocidade, cometida por quatro menores e um jovem de 18 anos. Estupro coletivo em uma jovem de 17 anos, encontrada amordaçada com a sua própria roupa. Seguiu o mês, e nessa semana dois casos que tiveram maior repercussão: a morte de uma funcionária da Infraero, sequestrada na saída do trabalho e morta na altura de Montenegro por dois assaltantes, um de 16 e outro de 32 anos, e o jovem de 17 anos morto na esquina de casa por um adolescente de 14 anos, após tentativa de assalto.

A discussão não pode ser, estritamente, acerca da vulnerabilidade da segurança pública, mas da educação, sobretudo. Senão vejamos. Outros dois casos ocorridos essa semana denota uma maldade gratuita, uma predisposição a fazer o mal. Uma criança de 9 anos, com necessidades especiais, foi estuprada dentro da sala de aula, em Fortaleza, pelos seus colegas da mesma idade. Crianças que ainda não têm esclarecimento suficiente para discernir certas situações, mas que, notadamente, são produtos do meio em que vivem. Quarta-feira, em Criciúma, outra crueldade. Uma criança de dois anos foi utilizar o banheiro e teve partes da perna arrancadas porque bandidos puseram cola quente no assento.

Persuadida pelas sucessivas notícias e casos de crueldade, a sociedade parece olhar inerte e incrédula a tudo, resignada e acostumada com o mal. Essa semana eu entrei no elevador, havia um rapaz e uma criança. Aqueles poucos segundos que intervalam o entrar e o sair geralmente se mostram um silêncio convidativo a qualquer assunto que seja. Olhando o celular, ele exclamou: “mataram o guri pra roubar o celular, que loucura! A minha parte eu faço. Eu digo pra esse aqui (olhou o menino entre suas pernas), filho meu não fica até tarde na rua”.

Nós precisamos mudar, quebrar esse paradigma do ‘eu’. Não basta mais, apenas, fazermos a ‘nossa parte’. Ao nosso lado tem alguém desassistido, que precisa de ajuda, de uma mão, de um afago, de atenção. Não basta apenas sermos honestos, corretos, retos, ensinarmos nossos filhos. Precisamos estar engajados socialmente, atentos e dispostos.

Albert Einstein dizia que o mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim, por aquelas que permitem a maldade. Não basta passar a tarde rezando na Igreja e na saída passar indiferente por uma criança na sinaleira, um cachorro com fome. Está na hora de fazermos a nossa parte e, pelo menos, de mais um, antes que o mal triunfe de vez. 

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade