Deputado federal Jones Martins esteve na Acigra para um café com empresários da cidade. Falou da crise, de reformas, de Saúde Pública e recebe carta pedindo que vote contra um eventual aumento de impostos
O primeiro assunto do café com o deputado federal Jones Martins (PMDB), hoje (13) pela manhã, na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí – Acigra, foi o frio.
– Seis graus. E a geada ainda está ali – lembrou Sérgio Largura, ex-presidente da entidade, diante do advogado Hercules Perrone, do ex-vereador João Carlos Beretta e de Joaquim Cavalheiro.
O presidente da Acigra, Régis Marques Gomes, convidou Jones para falar sobre a crise política e econômica pela qual o país passa – e quais as medidas que o novo governo vem tomando para dirimi-la.
– Do jeito que estava, não dava para continuar. E nesse clima de mudanças, é importante para nós, empresários, essa integração que tu tens com o ministro Eliseu Padilha e ele com o presidente Michel Temer – disse Régis, abrindo a atividade.
– A solução são as reformas – respondeu o deputado, em sua palestra.
– Mas ninguém tenha a ilusão de que será um processo rápido. Posso garantir que a disposição e a firmeza para isso o governo do presidente Michel Temer tem.
Que reformas? Jones falou por quase uma hora e meia sobre elas.
Reforma Previdenciária
– O nosso regime não prevê idade mínima para aposentadoria. É uma questão espinhosa, mas o governo deve enfrentar.
– Michel Temer não é candidato. Não tem ilusões de que terá a popularidade nas alturas. Não está disputando uma eleição, mas querendo ter um papel na história – resumiu o deputado federal.
Reforma Trabalhista
– Uma ideia é valorizar as relações entre sindicatos e empresas. Os acordos coletivos terem mais força que a CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], que hoje engessa muito.
“Desengessar” não significa, necessariamente, perda de direitos, diz Jones.
– Direitos precisam ser garantidos aos trabalhadores, mas a economia precisa andar, se recuperar. O acordo entre as partes facilitaria muito as relações.
Reforma Orçamentária
– O equillíbrio das contas públicas tem que ser prioridade. Num gesto sem precedentes, o presidente Michel Temer vai mandar projeto ao Congresso estabelecendo que só vai gastar no ano que vem o mesmo orçamento deste ano corrigido pela inflação.
– A principal meta do governo Michel Temer é pôr a casa em ordem.
Nesse momento, Jones falou sobre os programas implementados pelo presidente Lula e seguidos pela presidente afastada Dilma Rousseff destinados às famílias de baixa renda, como o Bolsa Família.
– O Brasil precisa decidir como mantém esse subsídio. De onde vem o dinheiro para financiar tudo isso? Se financia a produção, gerando emprego e renda, ou se aposta nos programas sociais. Isso não é defender a extinção dos programas. É preciso ter a consciência de que o dinheiro, para tudo é um só.
– Em Brasília, a gente vê que a situação do país não é muito diferente da que enfrenta o governo do Estado e da que o Marco Alba enfrenta aqui em Gravataí. Não tem dinheiro para tudo.
Crise na Petrobrás
– O que a gente houve por lá, em Brasília, é que pode haver uma abertura parcial da exploração e concessão da distribuição. Hoje a Petrobrás faz tudo sozinha e tem uma rede de postos por todo o país. Não precisaria ser assim. Mas definição, por enquanto, só a do presidente da empresa, Pedro Parente, que já disse que não aceitará influência política no comando da estatal.
Jones trouxe números:
– Hoje, a Petrobrás deve R$ 500 bilhões e tem ativos no valor de R$ 40 bilhões. Deve mais de 10 vezes o que vale. Se não houver concessões, se inviabiliza.
Financiamento da Saúde
– Hoje, não tem recursos para atender o preceito constitucional que garante tudo para todos na saúde. Em setembro, termina o dinheiro para os repasses do Ministério da Saúde. E aí vem um novo rombo na caixa do governo. Sei que o empresariado não quer ouvir falar em novo imposto, mas…
– A saída é uma reforma tributária. Ainda não há um projeto pronto, um plano realmente sólido. Mas deve ser feita.