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Ainda há juízes em Berlim (ou o dia em que Janot detonou Gilmar Mendes)

Rodrigo Janot deu a indireta mais direta a Gilmar Mendes

Janot rebate críticas por pedir prisão de nomes do PMDB: “Nunca terei transgressores preferidos”. Nem anônimos nem autoridades poderosas estão acima da lei, diz procurador, em claro recado ao ministro do STF Gilmar Mendes.

 

Desde que a cúpula do PMDB foi levada de vez para o redemoinho das denúncias da Operação Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, voltou a ficar sob a mira de quem ele acusa por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Nos últimos dias, foi criticado pelo vazamento de investigações sigilosas e alguns dos alvos levantaram suspeitas de que ele estaria usando da função para se candidatar a algum cargo eletivo nas eleições de 2018. Nesta sexta-feira, o procurador fez um discurso em tom de indignação negando qualquer vazamento, que seja seletivo em suas apurações e afirmando que, dentro de um ano e quatro meses, vai se aposentar, sem disputar eleição para qualquer cargo no Executivo ou no Legislativo.

– Nunca terei transgressores preferidos, como bem demonstra o leque sortido de autoridades investigadas e processadas por minha iniciativa perante a Suprema Corte. Da esquerda à direita; do anônimo às mais poderosas autoridades, ninguém, ninguém mesmo, estará acima da lei, no que depender do Ministério Público – disse Janot no encerramento do encontro de procuradores eleitorais para debater o pleito municipal deste ano.

Uma das críticas recebidas por Janot foi de que o vazamento das informações sobre o pedido de prisão do deputado federal afastado Eduardo Cunha, do presidente do Senado, Renan Calheiros, do senador Romero Jucá e do ex-presidente da República José Sarney – todos do PMDB – tinha o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a se decidir logo sobre esse assunto e outros envolvendo a operação Lava Jato.

– Figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter decoro, tentam disseminar a ideia estapafúrdia de que o Procurador-Geral da República teria vazado informações sigilosas para, vejam o absurdo, pressionar o Supremo Tribunal Federal e obrigá-lo a decidir em tal ou qual sentido, como se isso fosse verdadeiramente possível. Ainda há juízes em Berlim, é preciso avisar a essas pessoas – disse o procurador.

A metáfora dita por ele se refere ao caso (real ou não) de um moleiro da Prússia no século XVIII que se negou a entregar sua terra para um rei da época que era seu vizinho, o déspota esclarecido Frederico 2º. Indignado com a negativa, o monarca tentou usar de seu poder para forçar o moleiro a deixar a área. Foi pessoalmente pressionar o humilde vizinho e como resposta, ouviu de que ainda havia juízes em Berlim. Na concepção desse profissional, as leis valeriam para todos, independentemente do poder deles.

Mas, a metáfora de Janot parecia ter também um destino específico. Nesta terça, o ministro do Supremo Gilmar Mendes, em conversa com jornalistas, fez críticas ao vazamento de informações no âmbito da Lava Jato, logo após o pedido de prisão dos integrantes da cúpula peemedebistas ser noticiada pela imprensa.

O Seguinte: recomenda a leitura na íntegra da reportagem publicada pelo El País. Clique aqui

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