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Entre o buraco e as pessoas

Josiane Pereira Flores, 9, e Maria Barbieri de Souza, 10, da 4ª série, na sala e nas classes novas

– E aí, o que é mais fácil: tapar os buracos nas ruas ou investir o pouco que sobrou com a crise e as dívidas em salas de aula e na saúde?

Há pouco, foi o prefeito Marco Alba (PMDB) quem entrevistou este jornalista do Seguinte: enquanto, entre o barulho da criançada arrastando as bonitas novas classes escolares,  caminhava por uma das cinco novas salas de aula recém inauguradas por ele na escola Nova Conquista, no Rincão da Madalena – um investimento de R$ 526.845,84.

– O mais comum na política é seguir o fluxo, fazer o que outros já fizeram e se sabe que dá voto. É deixar a cidade bonita, mesmo que deixe mal as pessoas – respondeu ele mesmo, enquanto mostrava para duas alunas a aliança no dedo, que encantou as crianças.

– Foda-se (disse baixinho, ao pé do ouvido do jornalista, quando saiu de perto dos alunos). Eu não sou assim. A história que me julgue.

Esse tinha sido o tom de seu discurso, minutos antes, onde ouviu frente à centena de crianças, professores, funcionários, pais, a secretária da Educação Sônia Oliveira, o presidente da Câmara Nadir Rocha (PMDB) e os vereadores Alan Vieira (PMDB) e Clebes Mendes (PMDB), a diretora Mara Narciso lembrar a luta de cinco anos por melhorias na escola, desde a época em que crianças estudavam em containers.

– Queríamos poder cuidar de tudo, mas se não há dinheiro para isso, vamos cuidar primeiro das pessoas – resumiu Marco Alba, reforçando o “cuidar das pessoas”, que já foi o slogan principal da eleição de 2012.

– Se não tapamos um buraco prejudica o automóvel. Se faltar um médico num posto de saúde, alguém pode morrer. A nós parece uma escolha simples entre o que faremos primeiro – discursou, procurando ser didático para uma platéia formada majoritariamente por crianças de menos de 10 anos.

– A diretora é a prefeita na escola, as mamães e papais de vocês são os prefeitos em casa. A gente quer dar de tudo, mas quando o salário não é suficiente, em primeiro lugar vem comida, a saúde e a educação. Depois a TV, o celular…

– O Seguinte:, que está aqui, pode perguntar “qual o perfil do seu governo?” – brincou o prefeito.

– Mas nem preciso responder. Hoje qualquer um com internet pode acessar o site da Prefeitura e ver o quanto se investe em cada área.

Ele comparou os R$ 370 milhões na área social (R$ 182 milhões em educação, R$ 172 milhões em saúde e R$ 22 milhões em assistência social) com os R$ 40 milhões da Secretaria de Obras.

– Todo mundo pergunta: “prefeito, por que o senhor não tapa os buracos da cidade?”. A resposta está aí: prefiro usar o pouco recurso que tem para cuidar das pessoas.

– Infelizmente é a realidade: não tem para todos – disse, afirmando que a falta de dinheiro vem “da crise e de dívidas que não fizemos, mas estamos pagando religiosamente”.

Sempre agitado, enquanto tomava um cafezinho com os professores, repetiu o que tinha falado no discurso:

– Às vezes a gente vê ambiente onde não acredita que os professores consigam exercer sua profissão e ainda ter tanto idealismo… Eu admiro isso.

E já chamou a secretária Sônia:

– Como está a colocação dos gradis?

– Já começamos a instalação do cercamento em oito escolas – ela informou, também anunciando para os próximos dias a inauguração de uma sala nova na Santa Madalena e duas outras na Rosa Maria, além da antecipação da entrega de jaquetas do uniforme escolar.

– O frio chegou antes do inverno, então vamos entregar essa roupa mais quentinha aos alunos.

 

10 em transparência

 

Antes de sair, enquanto batia fotos com as crianças, Marco ficou sabendo pela assessoria que o Ministério Público Federal tinha divulgado lista colocando Gravataí entre as 10 cidades mais transparentes do Rio Grande do Sul e na ponta do ranking nacional em divulgação de dados sobre as contas públicas.

– A nota foi 10! – informou a coordenadora de comunicação Anna Fonseca a Marco, que foi para os finalmentes:

– Diz para o teu leitor buscar informações sobre o que estamos fazendo.

– Porque tem gente que é bom de conversa, que fala e emociona, que discursa e nos faz chorar, mas aí a gente vai ver o orçamento, vai conferir o que investiu realmente na área social, e nos decepcionamos ao perceber que só maquiou a cidade para ganhar votos e deixou as pessoas para depois – despediu-se, sorrindo, como se tocasse uma flauta em algum adversário político.

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