3° Neurônio | tecnologia

O que evolui mais rápido: o telefone ou o grampo?

A polêmica em torno de uma das maiores pragas jurídica e policial do nosso tempo – o grampo telefônico, que ora é autorizado, ora é ilegal, só depende que quem grampeia ou de quem é grampeado – não começou ontem. O início foi no dia seguinte ao que alguém inventou o telefone. Os polemizadores se dividem: uns acham que foi com Graham Bell em 1875, outros com o italiano Antonio Meuci em 1860. Um ou outro, estava dada a partida para a maior invasão de privacidade da vida moderna. E a Lava Jato é apenas um cubinho de gelo no topo do Everest.

 

 

 

 

A tecnologia da arapongagem parece que surgiu fácil: tirando a caixa de madeira, havia somente a bobina, a manivela e alguns centímetros de fiozinhos.  Num equipamento tão básico (pra não dizer simplório) tudo que o araponga principiante precisou fazer foi acrescentar um fio mais.

 

 

Assim conectado (quer dizer, ligado, naquele tempo ninguém conectava nada) num 2° ou 3° telefone, pronto:  acabou o sigilo, que mal havia sido inaugurado. A partir daí, a indústria telefônica aperfeiçoou sem parar os aparelhos. Por dentro e por fora, ficaram lindos e mais eficientes.

 

 

À medida que a tecnologia queimou etapas (que é quando os equipamentos têm curto circuito e temos que trocar por outro), o espião de antigamente se apressou em se atualizar. Enquanto o fone era analógico, o espião deu à escuta sua analogia: escutar ganhou duplo sentido.

 

 

Assim que a tecnologia saltou para a miniaturização, a espionagem avançou até a micro espionagem.  Qualquer telefone ficou vulnerável a invasões invisíveis. Super e minúsculos captadores de som, gravadores imperceptíveis, e eis a nossa vida à altura do cotidiano jamesbondiano.

 

 

Veio a era eletrônica e nunca mais as sociedades tiveram sossego. A tecnologia pulou à frente, já fica na espera para desbloquear os bloqueadores de escuta. O nourrau agora é de todos, qualquer nerd inventa novas gerações de escuta, o Paraguai exporta aparelhos vindos do futuro. Putz!

 

 

Grampear, verbo de ligação | Fraga

Grampeie os outros antes que te grampeiem. Grampeie os suspeitos sem deixar de suspeitar dos que não foram grampeados ainda. Grampeie a torto e a direito, isto é, a esquerda e a direita. Grampeie por interesses corporativos, interesses escusos, sobretudo interesses interesseiros. Grampeie 25 horas por dia. Grampeie superiores, subordinados, altos e baixos escalões. Grampeie em todo o território nacional. Grampeie em qualquer idioma. Grampeie com aparelhos ou com a orelha mesmo. Grampeie em dias chuvosos ou ensolarados. Grampeie de fio a pavio, e até sem fio de meada. Grampeie às suas custas ou com verbas federais, estaduais, municipais. Grampeie pra valer, pra se valorizar, pra desvalorizar os outros. Grampeie por que tá na moda, porque tá mundo grampeando, pra não ser diferente. Grampeie telefones, celulares, orelhões, cabines, telefônicas, centrais de telemárquetim. Grampeie disfarçadamente, anonimamente, secretamente. Grampeie com suas próprias mãos, terceirize a grampeação, ou use uma delivery grampeadora. Grampeie de gravata, em estilo casual, de traje a rigor e também nuzinho. Grampeie enquanto come, fuma, bebe, injeta, cheira. Grampeie em silêncio, assobiando, falando sozinho, cantarolando, pensando em voz alta, fazendo mímica. Grampeie a sós, acompanhado por amigos, em família, com a turma, com desconhecidos. Grampeie por orgulho, por necessidade, por aptidão, por falta do que fazer. Grampeie. O pior que pode acontecer é nada acontecer. 

 

Para saber se seu telefone está grampeado, acesse o site WikihowPara saber se o grampo é legal ou ilegal no Brasil, acesse matéria na revista Carta CapitalPara saber como se prevenir de escuta, acesse quem sempre torceu pelas escutas, o site G1.

 

: Assim funciona um grampo telefônico

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