Prefeito Marco Alba reuniu vereadores e pré-candidatos para, como disse, "despertar o espírito de equipe" e armar de informações o exército que vai às ruas defender o governo e pedir votos. Vice-prefeito Francisco Pinho, que especula-se possa apoiar Anabel Lorenzi (PSB), não foi.
O Seguinte: chegou ao CTG Aldeia dos Anjos meia hora antes e, tomando um chimarrão, Marco Alba (PMDB) já estava lá, para o encontro com seus vereadores, pré-candidatos e partidos da base de governo, que começaria às 10h do feriado de Corpus Christi.
– É mais uma conversa reservada, que preferimos que seja sem imprensa para deixar o pessoal ficar mais solto – explicou, educadamente, a presidente do PMDB, Sônia Oliveira, nos levando para conversar um pouco com o prefeito.
Arrumando a casa
– Coloca mais um banco ali – pedia Marco Aurélio Soares Alba, dentro do salão, enquanto cumprimentava uns e outros que chegavam e, ele mesmo, arrastava móveis para ajudar a arrumar o salão.
Assim é o Marco, nos ambientes em que frequenta na Gravataí onde nasceu e fora. Envolve-se em tudo, até em mínimos detalhes. Nas reuniões com secretários, pede e apresenta informações atrás de informações. Chama na sala e liga para o celular.
– Sou chato, perfeccionista, mesmo – ri o escorpiano que fará 58 anos em 15 de novembro, 52 deles morando no mesmo lugar, no Oriçó.
– Gosto da casa arrumada. E de resolver as coisas – resume.
Era mais ou menos isso que, nas três horas seguintes, o prefeito e secretários apresentariam ao exército (ou pelo menos parte dele) de pessoas que na campanha defenderá o governo e pedirá votos pela reeleição:
1. Um modelo de gestão que arrumou as contas da Prefeitura
2. Um governo que começa a mostrar obras e serviços pela cidade.
3. Um legado que garante perspectivas de futuro, com um financiamento que aportará R$ 100 milhões para infraestrutura a partir do ano que vem.
Messias do passado
– A população sempre foi induzida a medir um governo por obras físicas, ou a acreditar em salvadores da pátria.
– Mas está ficando para trás o tempo do líder messiânico, aquele que tudo resolverá. Não se pode brincar com a esperança das pessoas – alertou, sorvendo um gole do mate, na conversa que fluiu com tons de total informalidade.
Marechal
Instado, Marco garantiu que nunca passou por sua cabeça pensamento de não concorrer à reeleição, como já anunciaram prefeitos de grandes cidades, como Caxias do Sul. O que já sabiam todos que conhecem um pouco o ‘general’ (que é como sempre cumprimentou os amigos) guindado ao posto de ‘marechal’ da ‘República da Aldeia dos Anjos’, com os 51.285 votos de 2012.
O ‘Marquinho’ já foi o ‘louco’ de outros pleitos em que disputou sem as mínimas chances de vitória. Não seria agora, quando tem realizações de três anos e pouco de governo, e um jeito de governar para defender, que entregaria as cinco estrelas e iria para a reserva.
– Sou candidato. Mas entendo gestores que estão abandonando a política. A União quebrou, o Estado quebrou, e os municípios, que ficam com as menores fatias do bolo, sofrem toda a pressão para resolver os principais problemas da vida das pessoas.
– O país está à deriva, em uma crise sem precedentes e sem uma mensagem positiva. Um dia a gente acha que vai melhorar e no outro já está tudo ruim de novo. É cada vez mais difícil você criar uma relação emocional, tranquilizar a comunidade – avaliou.
Para ele, racionalmente o natural é as pessoas se afastarem da gestão pública.
– Mas sou dos que dedicam a vida à luta política para transformar realidades duras como as que vivemos, àqueles em que o espírito público e a vontade de mudar as coisas falam mais alto que a razão.
Metrópole e barganhas
Vontades à parte, Marco entende que por melhores intenções que tenham hoje os mandatários, ou candidatos a, é preciso respeitar regras de gestão financeira.
– Ninguém mais é dono do cargo. Hoje a Lei de Responsabilidade Fiscal praticamente desenha como os gestores devem se comportar.
– Mas é preciso saber administrar ou não se deixa nada para o futuro além de promessas e dívidas. Aqui rompemos paradigmas, sofremos desgastes, mas tornamos a Prefeitura sustentável e com todas as certidões negativas de débito para captar investimentos. Nosso legado permitirá a transformação de Gravataí em uma metrópole – aposta um Marco cada vez mais ‘gerente’ e menos afeito às barganhas políticas.
Fora, até agora só no site
Perguntado sobre as informações de bastidores de que o vice-prefeito Francisco Pinho (PSDB) e os vereadores Fred Pinho e Beto Pereira estariam desembarcando do governo para apoiar a adversária Anabel Lorenzi (PSB), Marco apenas sorriu e tomou um gole do chimarrão:
– O que posso dizer é que, até onde sei, estamos juntos no governo. O resto li no Seguinte: ontem à noite.
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Pinho – e outros – não foram, Beto sim
Pinho e o filho Fred não compareceram ao encontro, como também não apareceram o presidente da Câmara Nadir Rocha (PMDB), o ex-presidente Juarez Souza (PMDB), o líder do governo na Câmara Márcio Souza (PV) e a vereadora Maribel Wagner (Rede).
Beto Pereira – apontado nas especulações como nome que seria indicado para vice de Anabel – chegou ao meio-dia, quando a reunião já tinha sido fechada e o Seguinte: não estava mais lá. Cumprimentou o prefeito, sentou por alguns minutos e foi embora.
: Beto chegou, conversou com prefeito, ficou alguns minutos e foi embora
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A la Millôr
O que o leitor precisa sempre lembrar é que brigas políticas são como aqueles pegas que a gente tem em família. Levam-nos a faltar dois, três almoços, aniversários e até natais, antes de nos reunirmos novamente para falar mal dos ausentes.
Estar lá hoje no CTG – como estava, por exemplo, o deputado federal Jones Martins (PMDB), que fez um de seus discursos inflamados – ou não estar, pode simbolizar tudo, como nada.
Certeza de quem estará com quem, só se terá entre 20 de julho e 5 de agosto, período das convenções partidárias. E isso na formalidade, porque política e traição são siamesas.
Enquanto isso, recordemos Millôr, que dizia que “os ausentes são apenas mortos temporários”.