A gente gostaria de viver num passado como o que lembramos agora, né? Na política, se muitos pudessem voltar no tempo, talvez tivéssemos convivido com diferentes reis e rainhas sobre os quais também reclamaríamos.
Ao próximo campari com gelo que tomar com o ex-vereador José Amaro Hilgert no Gringo, ou no Argeu, na 79, vou questioná-lo se restou algum arrependimento de uma tarde de agosto de 1996, em que recebeu Zilon Espíndola.
– Vocês nos dão três secretarias e 30 cargos no futuro governo e a Nara retira a candidatura e apóia o Mota – propôs o vereador e presidente do PFL.
Zilon falava em nome do ex-prefeito Abílio dos Santos (PTB), que aceitava tirar a esposa da disputa para evitar uma vitória de Daniel Bordignon (PT).
Amaro, que era o principal interlocutor do ex-prefeito José Mota, acendeu um Marlboro de filtro amarelo, cruzou os pés sobre a mesa e devolveu sob os olhares silenciosos dos comissários Nilceu Marionil (o Tio Pena), Eraldo Veroneze e Ricardo Taffas:
– Para quê dar esse espaço todo para vocês se nós vamos ganhar a eleição de qualquer jeito e teremos toda a Prefeitura?
Nara ficou em terceiro com 8.953 votos e Bordignon – que hoje concorre a prefeito pelo PDT – ganhou de Mota por uma diferença de apenas 2.154 votos.
"Se"
Ainda no campo do “se”, outro erro de estratégia é atribuído a Mota e seus meninos. João Carlos Beretta – vereador no segundo mandato e o lateral esquerdo que marcou Maradona quando o Inter jogou contra o Barcelona nos anos 80 – trocou o PDS pelo PDT sonhando em ser o vice. Mota bancou Juarez Souza, hoje vereador, mas que tinha um perfil de eleitorado muito parecido com ele.
E há também a lenda urbana de que o atual prefeito Marco Alba – que concorria pelo PMDB e recebeu 2.958 votos (2.606 a menos que os 5.564 da eleição de 92) – na última semana da campanha teria pedido votos para Bordignon.