dia das mães

A mãe dos vereadores

Margarida recebeu o SEGUINTE: de surpresa em sua casa na 118

Hoje em dia, mãe de político talvez esquente tanto a orelha como mãe de árbitro. Agora, imagina uma mãe de dois políticos? Podia ser pior do que ser a mãe do juiz e do bandeirinha, mas a dona Margarida é uma mãe feliz. Nem o Dilamar, nem o Dimas, precisam de tira-teima para comprovar honestidade.

– Eu criei meus filhos com muita dificuldade, mas ensinando a não pegar nem uma laranja do vizinho, mesmo que os galhos invadissem nosso pátio por cima da cerca.

– Eles não pegam nem o dinheiro das viagens na Câmara – orgulha-se a mãe dos vereadores Dilamar Soares e Dimas Costa.

Como o site fala bastante de política, essa é a história que o SEGUINTE: conta neste dia das mães.

 

Trabalho das 8h às 23h, 7 dias da semana

 

Margarida de Souza Soares, que completa 66 anos no dia 4 de outubro, cresceu nas lavouras de arroz da Solidão, no município de Mostardas, no Litoral Sul gaúcho. Lá conheceu o vizinho agricultor João Manoel, com quem teve filhos e veio para Gravataí há 37 anos, morar na mesma casa simples, de madeira, cercada de folhagens, onde vive hoje, às margens da RS-118, no São Geraldo.

Com a separação do marido, que também se aventurou pela política da aldeia, como secretário municipal e também em eleições, ficando como primeiro suplente de vereador em 2004, ela batalhou muito para criar os filhos. Durante o dia, era auxiliar de serviços gerais, no Bradesco, no Banrisul e na Fiat. À noite, ficava até às 23h passando roupa para outras famílias. No sábado, fazia faxina nas casas. E no domingo ia lavar louça num CTG em Cachoeirinha.

– Nunca deixei faltar nada! – emociona-se a mãe também da Denize, da Daniela, da Deize e da Daiane, que perdeu ainda bebê o Daniel, vítima de uma doença rara no cérebro.

 

Gre-Nal

 

Apesar dos guris e também das gurias gostarem de política, Margarida nunca imaginava que seria um dia “a mãe dos vereadores”, como às vezes manda um alô o Sérgio Zambiasi, nas manhãs do AM da rádio Caiçara.

Em 2012, na primeira vez em que concorreram, Dilamar Soares e Dimas Costa foram eleitos. Um pelo PMDB, de Marco Alba, outro pelo PT, de Daniel Bordignon. Como em muitos enredos familiares, a política também uniu e afastou o colorado Dilamar, e o gremista Dimas.

– Não esqueço o quanto o Dilamar chorava e dizia que não podia ver o irmão sofrendo, quando o Dimas ficou muito doente e teve que fazer uma cirurgia no pulmão. Depois o Dimas ajudou muito o Dilamar quando ele foi eleito conselheiro tutelar. Aconteceu de a vida levar um para cada lado, e pararem de se falar… – resigna-se.

– Mas, do jeito deles, sempre se amaram e sei que queriam estar mais próximos um do outro. Se Deus quiser, isso vai acontecer – diz, se benzendo.

 

Sem salada

 

Na política, a aproximação já acontece. Dilamar saiu do PMDB e se tornou o principal articulador do PSD em Gravataí. Vendo as dificuldades do irmão em permanecer no PT, que perdeu Bordignon e a maioria dos candidatos a vereador para o PDT, por intermédio de amigos fez o convite para o mano se filiar ao partido.

– O Dimas vai para o partido do Dilamar – a irmã Deize confirmou para uma alegre Margarida, em uma noite de abril deste ano.

– Eles sempre querem saber o que um fala do outro, o que um acha de uma coisa ou outra que eles fazem na política – confidencia a mãe.

– Uma hora vou vê-los aqui na mesa comendo bife a milanesa, arroz e feijão, que é o que eles gostam. Eles não são muito é de salada, viu?

 

: Vovó coruja mostra a foto da netinha Duda

 

O candidato da Margarida

 

Margarida não acompanhou nem a caminhada de Dilamar, nem de Dimas na eleição de 2012. A família vivia um drama, com o nascimento prematuro de Eduarda, filha de Daiane. A menina, hoje com três anos, ficou cinco meses entre a vida e a morte.

– Hoje é uma danada, arteira, linda, carinhosa, abraça, beija a gente. A Duda adora fazer natação na AACD – derrete-se a vovó, enquanto pega da porta da geladeira, colada em um imã, uma foto da menininha em um sorriso apaixonante.

Margarida soube da eleição dos filhos ouvindo rádio dentro do carro no estacionamento do Hospital São Lucas da PUC, em Porto Alegre.

– O Dilamar já tinha sido conselheiro tutelar, então eu achava que seria mais fácil ser eleito. O Dimas, eu achava difícil, mas ele correu muito para lá e para cá. Os dois mereceram.

Naquela noite, quando voltou para Gravataí, Margarida optou por não ir à festa nem de um, nem do outro. Mas foi até o comitê do prefeito eleito, Marco Alba.

Ela é fã do “Marquinho”.

– Fiquei tão feliz aquele dia quando a Dalva me ligou e disse: “o Marco ganhou a eleição”.

Margarida tem uma relação de afetividade com Marco desde que, nos anos 90, ele morou com Dilamar logo após uma separação, e abriu caminhos para o filho no serviço público.

– Fui lá dizer: “viu, te disse que eu não morreria sem te ver prefeito”. Ele brincou que o meu voto nunca vão tirar dele.

Margarida não mudou de candidato nem quando os filhos estavam no PT, ao lado de Daniel Bordignon, o maior adversário de Marco na política da aldeia.

– Enquanto eu viver, só não voto no Marquinho se meus filhos forem candidatos contra ele – avisa, mostrando um mosaico com fotos de Marco afixado na parede da sala.

E já alerta que se preocupa se Dila e Dimas, algum dia, forem candidatos a prefeito:

– O povo às vezes é ingrato, nunca gosta dos prefeitos.

 

: Margarida tem um poster do amigo Marco Alba na parede da sala

 

As noras também

 

Comunicativa e bem humorada, Margarida se despediu no portão fazendo um pedido ao SEGUINTE:

– Faz o favor de colocar que amo muito meus filhos, minhas filhas e meus netos. E meus genros e noras também.

Genros e noras também, dona Margarida: não nega que é a ‘mãe dos vereadores’, hein?

– É de verdade, me dou muito bem com os genros e as noras. Me sinto abençoada. Essa família é o melhor presente de Dia das Mães.

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