Nestes tempos de intransigência, de pré-conceitos sobre o bem e o mal, de monólogos para plateias que se assemelham a muros intransponíveis, um experimento teve inicio, ano passado, na Inglaterra: o Museu da Empatia. A proposta é que esse espaço de artes seja itinerante.
Espero que venha ao Brasil. O conceito do Museu é baseado nas ideias de Roman Krznaric, um escritor e pensador cultural, perito em empatia e escritor de vários livros sobre o tema.
Porque me seduz a ideia de contar com algo desse gênero por estas terras? Acho que os pontiagudos golpes desferidos por nossa dura realidade política e econômica estão nos fazendo perder a capacidade de olhar o outro com um pingo, pelo menos, de compreensão.
No Museu da Empatia os visitantes são convidados a caminhar cerca de um quilômetro e meio usando os sapatos de um estranho. Enquanto caminham, as histórias de vida dos outros, dos “donos” dos sapatos em uso, são contadas via áudio em ipod. Elas falam sobre diferentes aspectos da existência: perdas, lutos, esperanças, amores, preconceitos, racismo e tantas outras inerentes a complexidade do ser humano.
Se você, leitor ou leitora destas linhas, estivesse agora lá no Museu da Empatia, calçaria os sapatos de outra pessoa e talvez mudasse um pouco o seu jeito – o nosso jeito – de ver o outro. Esta experiência pode ser transformadora, tanto da nossa intimidade como em relação à vida em sociedade.
Olhar a outra pessoa “com olhos de enxergar”. Ver a expressão que elas têm, abrir o espírito para a natureza e para dentro de mim mesma é exercício que pratico com frequência. Busco evitar o risco fácil de embarcar em situações reducionistas ou ser mais uma das muitas silenciosas omissas.
Você consegue fazer essa viagem ao mundo do outro? Posso garantir que é arriscada, por vezes dolorida. Mas é necessária, muito necessária. Precisamos ver, perceber, sentir que há outros mundos, que há verdades, belezas e esperança!