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A Suécia que não somos

A Suécia fechou, recentemente, quatro presídios por falta de detentos. Não é que os suecos tendem, naturalmente, a ser pessoas melhores e menos infratoras que os outros, mas nascem sob uma cultura do correto, de que é feio roubar, que não se tem jeitinho. Na Suécia se paga 46% do PIB em impostos. No Brasil, 35%. Por que, então, os suecos vivem muito melhor que os brasileiros com uma carga tão elevada de impostos? Porque lá eles recebem tudo de volta em serviços.

Para se ter uma ideia, quando nasce um filho, os pais ganham 480 dias de licença remunerada do Governo para ajudar no desenvolvimento cognitivo e afetivo do bebê. No Brasil, um pai ganhava cinco dias a pau e corda e comemorou como uma grande conquista a extensão desse direito para 20 dias. Só agora algumas empresas têm a opção de dar seis meses para a mãe, quando a maioria ainda ganha apenas quatro. Os jovens que querem estudar têm subsídio, têm direito a internações, cirurgias, medicamentos, sem precisar de ação judicial.

No Brasil, nós pagamos impostos para a Saúde, mas precisamos ter convênio para garantir o atendimento eficaz. Nós pagamos impostos para a Educação, mas precisamos pagar escola de educação infantil para deixar nossos filhos porque não há vagas em creches municipais; precisamos colocar nossos filhos em escolas particulares se quisermos uma estrutura mais adequada e, quando eles crescem, precisamos pagar faculdade privada porque não são todos que têm tempo – e/ou dinheiro – para fazer curso pré-vestibular e tentar ingressar em uma Universidade Pública.

Pagamos impostos para a Segurança, mas precisamos fazer Seguro do carro, da casa, do cachorro e até da própria vida. Precisamos respeitar horários mais arriscados para sair à noite, porque podemos deixar nossas vidas pelo caminho. Pagamos impostos para infraestrutura, mas precisamos pagar pedágio para seguir andando. 

Mas aqui no Brasil quando falam em Suécia, logo se remete ao pensamento pequeno – para não dizer machista – de um time de futebol feminino repleto de loiras altas, com seios fartos, em um navio perdido no litoral do Rio de Janeiro. Em nenhum momento a Suécia da igualdade social, do amplo acesso a todos os direitos dos cidadãos, é Benchmarking em gestão pública em terras tupiniquins.

Enfim, no Brasil, pagamos menos impostos que na Suécia, mas somos duplamente mais idiotas. E no final do ano, além de pagar convênio médico, escolinha, faculdade, pedágio, seguro, nos cobram mais impostos sobre aquilo que recebemos.

 

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