Programa que chegou à quarta edição tem inscrições abertas até o dia 15 pela internet ou nas subprefeituras, de forma presencial
A doença provocada pelo coronavírus, relativamente sob controle com os índices que atingimos de vacinação, aos poucos vai deixando espaço para outro tipo de pandemia, esta de mais longa duração. A retração econômica mundial associada aos erros do governo brasileiro na condução da política interna, atraso e negacionismo vacinal, politização e até militarização das ações de saúde e redução de impactos econômicos da pandemia, estas, mantém seus efeitos sobre nossas cabeças.
Hoje, 33 milhões de brasileiros não tem comida para por sobre a mesa todos os dias em um país de 214 milhões de pessoas. É como se 1 a cada 6 amigos seus, hoje, não tivesse o que comer. E parte dos outros que comem, não conseguem atender suas próprias necessidades nutricionais básicas – ou seja, comem menos do que precisam para manterem-se sadios e ativos.
Engana-se quem esse problema não é nosso ou que não acontece por aqui. Pertinho do Natal de 2019, em noite de fechamento enquanto ainda trabalhava para o Diário de Canoas, um empresário local que pediu para jamais ser identificado chegou à Redação que à época ficava na Domingos Martinis, no Centro. Deixou um ‘sacolão’ e pediu que entregássemos a alguém que estava precisando “para termos nós, também, a experiência de fazer algo de bom para uma pessoa que está passando fome”.
Os repórteres Leandro Domingos e Paulo Pires se encarregaram da tarefa de entregar a cesta báica, dias depois. Encontraram um homem puxando um carrinho cheio de papelão e algumas latinhas em algum trecho da Boqueirão. Contam que, desconfiado, o homem custou um pouquinho a entender que o destino, naquela tarde, o havia presenteado com uma sacola cheia de comida. E, claro, chorou.
– Eu não tinha nada para alimentar meus filhos em casa – disse, ele.
Lembrei dessa história imediatamente na sexta-feira, 1º, quando a Prefeitura de Canoas divulgou a primeira parcial de inscrições no Auxílio Emergencial Canoense. Em algumas horas, mais de 4 mil pessoas se candidataram ao programa para receber R$ 200 por mês por três meses e passagens, curso e fazer trabalho comunitário perto de casa. Se tem tanta gente indo atrás de um valor que para muitos que estão lendo este post parece pouco, é porque o suficiente ainda está inatingível. Na vida real, essa em que vivem o catador de papel que recebeu o rancho doado ao DC e o desempregado da pandemia rezam todos os dias para encher o papo com grão que conseguem.
R$ 200 é uma baita ajuda em tempos de leite a 7 pila.
4ª edição do Auxílio Emergencial Canoense
Inscrições: de 1º a 15 de julho
Online no site: canoas.rs.gov.br
Presencial nas subprefeituras:
Sudeste – Rua Marechal Rondon, 100, Niterói
Sudoeste – Rua Edgar Fritz Muller, 430, Rio Branco
Noroeste – Rua Candelária, 441, Mathias Velho
Ginásio do Caic – Avenida 17 de Abril, Guajuviras
Critérios
Além das horas de qualificação profissional e da prestação de serviço para comunidade, o requerente deverá ser cidadão canoense e ter renda per capita menor que meio salário mínimo, além de ser cadastrado no Cadúnico.
O benefício
São R$ 200,00 mensais, garantidos por 3 meses, além de cursos de qualificação profissional a serem realizados de forma online. Deverão ser cursadas, no mínimo, 8h mensais. Para atender às atividades previstas, será disponibilizado um auxílio de R$ 96,00 por mês no cartão TEU.
Sobre o cartão
O valor de R$ 200,00 será pago através de um cartão magnético. Os beneficiários que permaneceram no programa deverão usar os mesmos cartões da primeira edição. Os créditos devem ser utilizados, exclusivamente, para a aquisição de alimentação, medicamentos, gás de cozinha, mantimentos para pets e higiene pessoal. Os estabelecimentos que descumprirem as normas receberão multa.
Inserção no mercado de trabalho
Para receber o benefício, é necessária a realização mensal de 4h de trabalho à comunidade, em escolas, praças, unidades de saúde, entre outros locais, como forma de inserir o canoense no mercado de trabalho.