A Câmara de Gravataí é armamentista.
Aprovou duas moções que comemoram projetos estaduais e federais que facilitam o acesso dos brasileiros a armas.
A autoria é do vereador que se apresenta com a alcunha de Policial Federal Evandro Coruja (PP).
Reputo nosso legislativo, se faz coisas grandes, como doar R$ 3 milhões para construção de uma nova emergência do hospital, se rebaixa ao votar coisas desimportantes, permitindo a políticos caçar cliques; estamos em ano eleitoral, lembro.
Tratei disso hoje mesmo em Pare de lacrar, vereador Bombeiro; O campeão de votos de Gravataí é mais que isso.
Se Gravataí tivesse poder de decidir sobre armas, como um condado nos EUA, o debate seria produtivo.
Até desconfiei que o prefeito Zaffa podia legislar, quando meu amigo Dilamar Soares – que comigo tanto apanhou nos anos 2000 por sermos críticos à liberação de armas até para a Guarda Municipal no governo da petista Rita Sanco! – votou a favor.
Cinquentão, o vereador, que já votou até contra homenagem a lutador de UFC porque era anti-violência, sorriu quando liguei para ele para falamos sobre; disse que começou a evitar se desgastar em algumas pautas chatas.
Chato sigo eu, que, posso estar enganado, dimensiono grande qualquer decisão do legislativo da quarta economia gaúcha. Até quando, comemoraria eu, representasse votos só para agradar o amigo vereador que propôs sua bobagem de turno.
Ao fim, uso uma que guardei num guardanapo, já quase largando, Dila…
“O dia amanheceu manhoso, avançou perigoso, foi nos cercando insidiosamente, chegou ao meio-dia ameaçador, armou suas circunstâncias com crueldade, cometeu muitos adultérios, desonrou juízes, caiu em cima de um avião, fez descer metade da montanha sobre centenas de inocentes, destruiu papéis irrecuperáveis, matou animais de estimação, e foi embora silenciosamente, como se fosse um dia qualquer, ainda se dando à ironia de um crepúsculo espetacular”.