É, no mínimo, de mau gosto a postagem feita pelo secretário da Segurança de Cachoeirinha, Marco Barbosa, sobre “a abordagem a moradores de rua que estavam ocupando as dependências do hospital como moradia”.
Reproduzo o post e, abaixo, sigo.
Sigo eu.
Coloquei um filtro no rosto dos pobre-coitados revistados pelos guardas municipais em frente ao Padre Jeremias, coisa que o secretário não fez em sua postagem; e aposto faria fossem as pessoas ‘remediadas’.
‘Ricos’ nem falo, porque esses raramente são abordados por forças de segurança e, quando são, invariavelmente são tratados conforme o meme aquele que diferencia o ‘roubou’ do ‘se apropriou’, e o ‘criminoso’ de ‘estudante’, conforme se avança na paleta de cores do branco ao preto.
Sabe principalmente a assistente social que acompanhou a ação que pouco ou nada resolve ter encaminhado os moradores de rua ao albergue.
Não deveria uma tristeza dessas ser usada para fazer propaganda das ações de segurança do município; mesmo que a presença dessas pessoas incomodasse na frente do HPJ.
Reputo um mau sinal o prefeito, que tinha reunião sobre outro assunto com a direção do hospital, chegar precedido pela ‘operação’ que pareceu ‘de limpeza’, além de ter posado para foto, ao lado do secretário, que é policial civil, uniformizado como guarda municipal, e, principalmente, ao lado de agente ostentando arma pesada.
Se a política for essa – é claro, nestes tempos sombrios aplaudida no Grande Tribunal das Redes Sociais por aporofóbicos (conscientes ou inconscientes) ou não – talvez precisemos de um padre Júlio Lancellotti em Cachoeirinha.
Se bem que igrejas e templos já estão tão bem cercadas quanto quase toda arquitetura antipobres de nossas cidades…
Ao fim, pelo que apurei, não tinha entre os abordados nenhum Yanomami, cuja situação na Amazônia o secretário manifestou solidariedade em post sequente.
Já pedindo desculpas por comparar o incomparável, cometo a hipérbole porque inevitavelmente faz pensar, não?