RAFAEL MARTINELLI

Governo Zaffa não está errado em interditar escola em Gravataí; Leia o laudo, veja as fotos

Laudo da Prefeitura foi assinado dia 18 deste mês

Como não sou caça-cliques no Grande Tribunal das Redes Sociais, e nem permito aos políticos apenas a presunção de culpa, vamos lá ‘defender’ a interdição do Instituto Baha´i, escola municipal do pré ao quinto ano que funciona há sete décadas na Vila Branca, em Gravataí.

É impopular ‘fechar’ escola, mas também é irresponsável submeter crianças, professores e funcionários a mofo e riscos de acidentes; a responsabilização teria CEP, o palacinho ocre da Av. José Loureiro da Silva, e CPF: o de Luiz Ariano Zaffalon.

– A escola pode cair, incendiar e é 100% insalubre – resume o prefeito.

Laudo da Prefeitura mostra a precariedade da estrutura da escola, que funciona em uma casa de bairro, de apenas dois banheiros, em área de 400 metros quadrados, cedida ao município pela instituição que professa o bahaísmo, religião abraâmica monoteísta com mais de 7 milhões de fiéis no mundo.

A secretária da Educação, Aurelise Braun, informou ao Seguinte: que o plano é transferir os 114 alunos, a partir de 2024, para a Escola Municipal de Ensino Fundamental Bárbara Maix, que fica em frente.

Os 10 professores e funcionários seriam distribuídos em alguma das cerca de 70 escolas da rede.

Sobre a posse do prédio e do terreno, Aurelise Braun ainda não teve retorno do contato com o instituto religioso.

Neste sábado, pais receberam a secretária na escola e protestaram, em reunião na qual participaram vereadores da Situação A, Situação B, Oposição A e Oposição B.

Reputo razoável a crítica de familiares sobre fechar uma escola que no Ideb, o sistema de avaliação escolar, atinge os melhores índices de Gravataí – mas, aí, questiono: fosse o resultado diferente em uma escola com tão poucos alunos, teríamos um grave problema educacional, não?

A própria secretária reconhece a excelência pedagógica.

– Cognitivamente é um trabalho maravilhoso, mas precisamos priorizar a segurança das crianças. O setor de engenharia da Prefeitura constatou que não há como reformar. Só derrubando o prédio e construindo uma escola nova. Como está é insalubre – resume, lembrando que a casa tem 70 anos.

Também é compreensível a preocupação das famílias pelos filhos mudarem de ambiente escolar; mas, inegável é, mudarão para uma estrutura melhor.

A secretária informa que a ideia é manter os alunos juntos na Bárbara Maix, para evitar danos emocionais da separação das crianças.

Ouvi de familiares que a Prefeitura mexe em uma história que vem de pai/mãe para filho/filha, de avô/avó para neto/neta.

Reputo é a ‘memória autobiográfica’ – o que a psicologia explica.

São aquelas recordações que criamos inadvertidamente, inconscientemente, que não correspondem completamente à realidade, mas que se adequam à história que construímos sobre nossa vida, personalidade e, por consequência, comunidade.

Recomendo Por que criamos memórias do que nunca aconteceu?, entrevista dada à BBC por Martin Conway, professor de psicologia cognitiva da City University of London, no Reino Unido, e diretor do Centro de Memória e Direito da mesma universidade, que estuda o tema há 40 anos.

Não é porque sempre foi assim que resta tudo bem. Se em uma escola o botijão de gás não explodiu, o ventilador de teto não pegou fogo e ninguém caiu dos bancos que servem de passarela para passar por sobre a água em dias de alagamento, comemoremos. Mas e se acontecer? O apego pela velha Baha´i vale expor uma criança sequer ao risco?

Nem trago para análise a possibilidade de construir um novo prédio no mesmo local, porque não teria lógica investir mais de R$ 2 milhões se há outra escola logo em frente.

Dos Grandes Lances dos Piores Momentos é que há gente do meio político que é contra o fechamento da Baha´í, mas foi a favor ou silenciou quando o governo de Rita Sanco (PT) começou em 2009 o processo de fechamento do ensino médio municipalizado da escola Santa Rita, na Cohab, para transformação no Instituto Federal.

E, Dos Grandes Lances dos Piores Momentos 2, há gente do meio político que foi contra o fechamento da Santa Rita e hoje pelo menos aceita o fechamento da Bahaí.

(Só para não esquecer de lembrar, o fechamento da Santa Rita estava entre as 11 denúncias que cassaram a prefeita no golpeachment de 2011 – e restaram em arquivamentos ou absolvições).

Eu, de que lado estou? Da razão, acredito. Certamente serei criticado hoje, como fui na época em que defendi o projeto de ‘trocar’ o ensino médio da Santa Rita por um instituto federal.

Fato é que restará cada vez mais no passado aquela máxima dos políticos de que “não se fecha escola”. A realidade se impõe. As famílias tem cada vez menos filhos. E Gravataí tem a segunda maior taxa de longevidade do Rio Grande do Sul, só perdendo para Veranópolis. Logo a máxima será “não se fecham casas asilares”!

A secretária recebe a comissão de pais na Secretaria da Educação na quinta, para conhecer um laudo particular que atestaria a possibilidade de manter a escola apenas com reformas.

A polêmica tem tudo para chegar ao tapetão: o advogado Adriano Luz, da comissão de pais da escola, questiona a competência de profissionais ligados à Prefeitura que assinaram o laudo e estuda ação judicial.

Mesmo tenha ganho de causa, o competente advogado apenas vai forçar a Prefeitura a produzir outro laudo. Os problemas seguirão ali.

Ao fim, não é por ser do contra que protagonizo ‘O Inimigo do Povo’, de Ibsen. Acontece que li e vi as imagens do laudo de engenharia: clique aqui para tirar suas próprias conclusões.

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