Interino há quase uma semana, Cris Moraes tem agenda de ‘gente grande’ na Prefeitura: encerrar o ano sem derreter a base, evitar solavancos políticos ou derrotas que podem ser cruciais para a ordem do governo em 2024
Alguns diriam que assumir o governo de Canoas com as dadas condições políticas é como viajar na cauda de um foguete. Acho mais grave: no foguete, pelo menos a gente se sente em uma aventura; de lúdico, esse ‘rabo-de-foguete’ aldeiano não tem nada.
Cris Moraes (PV), o presidente da Câmara que nesta sexta, 1º, completa uma semana no cargo mais importante da cidade, tem feito o que disse ao blog ainda no final de semana: um governo sem guinadas. Orientou os secretários a manterem suas metas conforme vinham trabalhando, não trocou nenhum assessor – nem escolheu um secretário da Saúde definitivo após a saída inesperada e ainda sem grandes explicações de Felipe Martini. Hoje, Ana Macedo, que era adjunta, responde pela pasta, como interina.
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Orientado pelo núcleo político do governo, Cris buscou dar estabilidade ao inflamável momento da cidade. Entre hoje e sexta, tem agenda com o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, que deve trazer do governo federal a resposta sobre o pedido de Jairo Jorge feito ainda em setembro para que o Teto MAC da Saúde, reajustado recentemente, seja retroativo a janeiro. Se a resposta for um sim, pelo menos R$ 15 milhões a mais entram no cofre da Saúde canoense em dezembro e salvam as despesas extras de final de ano do Pronto Socorro e do HU – especialmente o 13º dos funcionários.
Cris também aproveitou seus primeiros dias de interinidade para entregar obras e serviços custeados pelas emendas impositivas. A primeira delas, inclusive, foi com o presidente da Câmara interino, Gilson Oliveira (Avante), a quem tem sido atribuída uma parceria recente com Nedy de Vargas Marques, o vice que ainda não assumiu por estar hospitalizado. Cris e Gilson inauguraram a modernização do Centro Esportivo São Luiz, fruto de uma emenda do próprio Gilson – maratonista amador e fã de corridas de rua. Vale lembrar que os valores das emendas impositivas tem origem na economia de recursos da própria Câmara. A regra foi criada em 2021, mas acabou passando todo o ano de 2022 só no papel. As primeiras obras entregues incluem duas praças e recursos para compra de equipamentos aos hospitais – tudo feito no segundo semestre deste ano.
Na tarde de quarta, Cris ainda convidou os demais vereadores para participar da entrega do trecho 7 das obras na Perimetral Oeste. É lá que fica a nova ponte sobre o Arroio Araçá, um antigo nó na ampliação do trânsito na região. Com a liberação do trecho, já pode ser dada a ordem de início da duplicação da ponte na mão inversa. Dos 21 vereadores, 12 compareceram ao ato e emprestaram apoio ao prefeito interino – mesmo alguns que vem defendo a posse imediata do vice, Nedy, mesmo que ele esteja impossibilitado de deixar o hospital.
Uma ideia razoável para o momento é que Cris tenha condições de estabilidade política para avançar com projetos que já estão na Câmara, como o que define o orçamento da cidade para 2024, e outros que ainda precisam ser votados, como o da prorrogação do contrato da Sogal – todas urgências que não podem esperar o fim da ‘queda-de-braço’ para sabermos quem será o prefeito da cidade daqui por diante.