A confirmação da destituição de Bombeiro Batista da presidência do Republicanos de Gravataí deve ser confirmada nesta sexta-feira em reunião do vereador com o presidente estadual do partido, Carlos Gomes.
É música no ‘Fantástico da Política’ caso o vereador mais votado em 2020 decida pela desfiliação. Seria seu terceiro partido em menos de um ano.
Antecipei a crise ontem, no tuíte abaixo.
Pelo que apurei, o principal motivo seria o descontentamento de históricos do partido com filiações e indicação para cargos do partido, feitas por Bombeiro, que priorizariam o fortalecimento de sua estrutura de campanha à reeleição.
Bombeiro assumiu a presidência em setembro de 2023, como prêmio por sua filiação; leia em Vereador Bombeiro assume presidência do Republicanos de Gravataí e sobe na magirus para disputar vice de Zaffa; Ausência confirma que Dr. Levi está fora.
Bombeiro também teria estreado no partido se confrontando internamente com Luciano Cardoso, um dos partidários mais próximos de Carlos Gomes – e de Fábio Ávila, de quem chefia o gabinete – na igreja e na política.
Até então vice-presidente, Luciano teria inclusive pedido para ficar de fora da executiva comandada por Bombeiro. Não perdeu, contudo, sua influência devido à dedicação como principal administrador do partido na última década.
Mas a gasolina na fogueira teria sido artigo publicado no Alô Gravataí, página ligada a Bombeiro, escrito por Luis Felipe Teixeira, seu assessor, que apontou Fábio Ávila como um dos articuladores de uma frustrada ‘traição’ política ao prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) na eleição para a presidência da Câmara.
Na foto que ilustra a matéria, tirada na sessão em que Alex Peixe (PTB) foi eleito presidente, o pastor aparece com as mãos na cabeça, conversando com Luciano e os vereadores Dilamar Soares (PDT) e Demétrio Tafras (PSDB), apontados na reportagem como articuladores “contra o candidato do governo”.
Não há nenhuma mentira no texto, grifo eu, mas o grupo de Fábio Ávila teria considerado uma deslealdade de Bombeiro expô-lo publicamente em uma página sob sua influência.
Fato é que históricos do partido, todos ligados a Iurd, teriam perdido a confiança no ‘cristão novo’, Bombeiro, como presidente que conduzirá o futuro do partido na eleição de 2024, entre apoiar a reeleição de Zaffa ou sair do governo e apoiar o ex-prefeito Marco Alba (MDB) na III Guerra Política de Gravataí.
As consequências da destituição, caso confirmada, são explosivas.
Por obvio a nova direção vai pedir ao prefeito para ter poder na negociação de cargos, possivelmente substituindo indicados por Bombeiro, que restaria apenas com os oitos CCs da cota de cada vereador.
Hoje Bombeiro tem um secretário sob sua influência: Artêmio Airoldi, da Assistência Social – o que já provocava ruídos na base, já que vereadores governistas, sem o mesmo benefício, consideraram ‘caro’ dar uma secretaria para o vereador sair da oposição.
E, se resolver sair do partido, Bombeiro retorna para um momento que reportei em junho do ano passado, em Vereador mais votado, Bombeiro se filia ao Republicanos com Zaffa, Dr. Levi e presenças-surpresa; Mais ‘Choquei’ da III Guerra Política de Gravataí, Quincas Borba e as batatas.
É que, na política, às vezes ter votos atrapalha: partidos com nominatas em construção podem não aceitar filiar o vereador, já que sua reeleição é certa e tiraria a vaga – e a esperança – de outros candidatos. A dificuldade aumenta em partido que já tem vereadores candidatos à reeleição.
Bombeiro foi o campeão de votos para Câmara em 2020, com 2.662 confirmas nas urnas, e, em 2022, recebeu 12.756 votos para deputado federal – 10.958 em Gravataí.
Ao fim, a sexta-feira é santa para Bombeiro. Se decidir sair do partido devido à destituição, pode pedir música no Fantástico. É que, talvez algo inédito no Brasil, ele seria liberado do terceiro partido em menos de um ano: PSD, União Brasil e, agora, Republicanos.
E sem ninguém pedir sua cassação por infidelidade partidária, o que significa que aceitaram pagar o preço de um mandato para não seguir com ele.
Certamente, se sair, louvor não será a canção pedida por Bombeiro no Fantástico da política. Talvez recitar um Lucas 15:11-32, “O bom filho à casa torna’, para Cláudio Ávila, poderoso chefão do União Brasil.