Também não é por acaso o #tbt abaixo, postado por Daniel Bordignon (PT), ex-prefeito que é candidato à Prefeitura de Gravataí.
Ontem analisei o #tbt postado pelo prefeito e candidato à reeleição Luiz Zaffalon (PSDB) lembrando subida no palanque de Bolsonaro, na semana em que o PL, partido do ex-presidente, desistiu de esperar a confirmação que indicaria o vice de Marco Alba (MDB) e lançou José Capaverde à Prefeitura de Gravataí.
Está aqui no site do Seguinte:, em TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa.
Um parênteses: aos que estranharam o artigo não ter sido postado no Facebook, a plataforma não aceitou a publicação. Nada a ver com o Xandão. Os robôs do Mark Zuckerberg identificaram “violação dos padrões da comunidade”. Aguardo análise da Meta sobre minha contestação.
Sigamos.
O post de Bordignon, feito logo depois de Zaffa, é parte da estratégia do petista de ‘polarizar’ não só com o atual prefeito, mas também com Marco Alba, hoje rompidos, mas oriundos do mesmo grupo político que administra Gravataí desde o golpeachment contra a prefeita Rita Sanco (PT) em 2011.
Uma polarização mais de legados do que ideológica. Que entendo, porém, diferente da fake news, ou fake opinion, sobre a existência de uma polarização no Brasil.
Por quê? Em Gravataí Bordignon, Zaffa e Marco Alba não estão nos lados extremos da ferradura ideológica. Ou ao menos assim não se manifestam publicamente, em discursos ou ações de governo. Seus polos não ultrapassam a centro-esquerda e a centro-direita.
Já nacionalmente Bolsonaro está em um extremo que não encontra Lula em outro, diametralmente. É uma fake news, ou fake opinion, que só ajuda a ocultar os riscos do extremismo.
Associo-me aos argumentos do jornalista Reinaldo Azevedo no desmascaramento da tal ‘polarização nacional’, que talvez na campanha municipal e nos memes até encontre guarida nos três candidatos que citei acima.
Vamos lá.
“O Houaiss explica o substantivo: ação ou efeito de polarizar(-se); contraposição, oposição antinômica ou antitética; concentração em extremos opostos (de grupos, interesses, atenções, atividades, influências etc. Definida a coisa, é forçoso constatar que a extrema-direita, encabeçada por Bolsonaro, é um dos polos. Dispenso-me de lembrar aqui os sucessos de personagem tão notável nos quatro anos em que passou a pregar golpe de Estado, atentando, na reta final, contra o próprio pleito e depois contra a posse do eleito. Ademais, representa um conjunto de valores”.
Enfim, havendo uma extrema-direita, o polo oposto só pode ser a extrema-esquerda, certo? Mas onde ela está? Há ministérios sob o comando de PP (em Gravataí, partido do vereador bolsonarista-raiz, Policial Evandro Coruja, que também estava no palanque do #tbt de Zaffa), Republicanos, MDB, PSD, União Brasil…
“Uma ironia: existem até petistas e psolitas no governo — que até José Dirceu avaliou como de ‘centro-direita’, corrigindo-se depois e dizendo ser de ‘centro-esquerda’. Nesse contexto, tanto faz. Então fica demonstrado que o governo não é o polo oposto da extrema-direita bolsonarista — ou seria um ajuntamento de extremistas de esquerda. O “outro” do bolsonarismo é a democracia”.
Então a polarização não se dá entre extrema-direita e extrema-esquerda, mas entre Bolsonaro e Lula?
“Ao se colocar numa das pontas um reacionário que sabota a democracia e o Estado de direito — e, como consequência, está inelegível — e, na outra, um democrata inequívoco, o que se quer é igualar os ‘dois polos’, como se o inimigo dos fascistoides fosse apenas o petista. Não! Seus opostos não contingentes são o próprio regime democrático e as instituições. Se Lula for um polo, dados o amplo arco de alianças com o qual governa e os valores que orientam as suas escolhas, então que se diga: a democracia, nessa perspectiva, virou um dos ‘extremos’. Por esse caminho, o ‘polo’ oposto será necessariamente um serviçal do neofascismo”.
Ah, então você não vai criticar o #tbt do Bordignon com o “descondenado”, como fez com o #tbt de Zaffa como Bolsonaro?
Primeiro, não fiz críticas em TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa, por mais que me cause mal-estar ver políticos que considero democratas acenando para extremistas golpistas. Reportei, sim, episódio nojento, misógino, cometido naquele ato pró-Bolsonaro.
E escrevi sobre os potenciais efeitos eleitorais, ao relembrar dados de pesquisa:
(…) Reputo o inelegível pode não restar mais um bom cabo eleitoral; nem na Gravataí que em 2018 deu 70% e, em 2022, 60% dos votos para o ‘mito’.
Pesquisa a qual tive acesso, relativa a última quinzena de agosto de 2022, mostra que, ao responder sobre uma eventual candidatura apoiada por Bolsonaro 44% dos eleitores entrevistados responderam que a chance de votar “diminui”; 29,1%% “aumenta”; 23,5% não muda e 3% “não sabe/não opinou”.
No agrupamento do potencial de voto, Leite tem 36% de “aumenta”, 44% de “não muda” e 16% de “diminui”. Lula tem 35% de “aumenta”, 25% de “não muda” e 37% de “diminui”.
Gravataí é inquestionavelmente uma cidade conservadora em sua ‘elite’. Entre os pobres e remediados, que decidem eleições, nunca é uma certeza(…).
E. ao fim, não faço jornalismo ‘nem-nem’, buscando falsas equivalências para garantir o falacioso habeas corpus da isenção.
Reputo uma foto de Bordignon com Lula e Alckmin não pode ser comparada a uma eventual associação de Zaffa ou Marco Alba com Bolsonaro. Goste-se ou não, golpista Lula nunca foi.