Partidos e candidatos buscam adesões entre os concorrentes do primeiro turno para facilitar a vitória no segundo
O chip das urnas eletrônicas ainda estava esfriando quando Márcio Freitas (PRD) se reuniu com Airton Souza (PL) na noite de domingo, 6, e confirmou apoio ao candidato vitorioso no primeiro turno para a disputa do segundo contra Jairo Jorge (PSD). Foi a primeira composição política e surpreendeu um total de zero pessoas, é preciso que se diga.
Márcio e Airton vinham discutindo mesmo antes do lançamento de suas candidaturas individuais uma via comum para enfrentar JJ. A campanha e o clima de hostilidade entre Márcio e o prefeito candidato à reeleição se encarregaram de resolver o resto. Márcio e Airton iriam juntos para o segundo turno — bastaria saber quem deles estaria lá. Sendo Airton, Márcio apoia.
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Questão resolvida, candidatos e partidos voaram a segunda-feira, 7, para cima dos demais adversários do primeiro turno — em especial Odirlei Campiol e Beth Colombo. Só Rodrigo Cebola, por ser de um partido de esquerda, não foi procurado pelo bolsonarista Airton por motivos de incompatibilidade de gênios.
Beth, no entanto, foi. Considerada por muitos uma aliada de JJ, a candidata republicana fez uma campanha especialmente encomendada para ressaltar o óbvio: ele é ele, ela é ela. O partido cobra de Beth essa postura de independência que, para ela, sempre existiu. Foram aliados, não siameses.
No plano regional e nacional, o Republicanos tem mais identidade com o PL do que Jairo, visto por muitos como uma personalidade política de esquerda e aliado do PT. No entanto, Republicanos faz parte do governo desde o início e mesmo com a candidatura de Beth, não deixou o paço. Alexandre Duarte, vereador reeleito e presidente do partido em Canoas, disse ao blog que o partido tomará uma decisão sobre a aliança para o segundo turno até a quarta-feira, 9, e não quis antecipar tendência.
Por minha conta e risco, avalio que vai pesar a palavra de Beth e maior afinidade que ela tem com JJ em relação a Airton e os Busatos, que enfrentou traumaticamente nas urnas em 2016.
E o Campiol?
Odirlei Campiol conversou com o blog na manhã desta terça-feira, 8, muito disposto a encampar neutralidade no segundo turno. “Os dois são ruins”, disse, referindo-se aos postulantes que passaram ao segundo turno.
Os quase 19 mil votos que Campiol fez no último domingo colocaram o candidato do Novo no topo da lista de ligações tanto dos interlocutores de Airton quanto de JJ. Campiol disse que os atendeu com educação, mas disse que uma decisão sobre aliança seria tomada pelo partido e divulgada entre esta terça e a quarta-feira em comunicado à imprensa.
Tendência é que o Novo libere seus filiados para votar conforme suas preferências, sem abrir apoio oficial a um dos concorrentes. No entanto, o próprio Campiol admite que há uma certa identidade ideológica entre o pensamento do partido e o PL de Airton. “Fui candidato para representar um pensamento diferente desses que estão aí”, lembra. “Se te oferecem dois pratos ruins e tu precisa escolher um porque tem que se alimentar, ainda são dois pratos ruins”.