SAUL TEIXEIRA

Seleção e o debate “passaporte”. Precisamos de mais Brasileirão e menos Champions League

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

A rodada dupla das eliminatórias em outubro não apenas devolveu as vitórias e o mínimo de “dignidade” ao Brasil na classificação. Também deixou importantes legados visando a continuidade do trabalho rumo à Copa de 2026.

É preciso olhar com mais carinho para os atletas que atuam no futebol nacional e desfilam talento nas liga e nas copas da América do Sul. Chega da síndrome do “cachorro vira-lata”. Nem tudo que vem de fora é melhor. Atualmente, qualquer “cabeça de bagre” atua na Europa, com o perdão pela licença poética. Seleção Brasileira precisa reunir os melhores do momento, com ou sem passaporte. Independente da idade, aliás.

Segunda contratação mais cara da história do futebol brasileiro, Luiz Henrique, ponta do Botafogo, saiu do banco de reserva contra Chile e Peru e tornou-se o mais titular de todos para os jogos do próximo mês. Basta que a comissão técnica não ignore as lições do gramado.

O canhota jogou uma enormidade. Fez dos poucos minutos em campo um latifúndio ofensivo ilustrado por dois gols e uma assistência. Performance, rendimento, desempenho, E-FE-TI-VI-DA-DE! Titular da ponta-direita nas duas partidas, Savinho não justificou a condição. Vitória do Botafogo contra o Manchester City.

Gérson! Terceira contratação mais cara da história do futebol nacional, o atleta do Flamengo é outro que cavou um lugar entre os 11. Aliás, joga muito mais que todos os outros testados na função no passado recente. Lembram do tal “meio-campo” que atua na Premier League? Por favor, né? Gérson é um Camisa 10 à moda antiga, mas também adaptável as exigências do futebol moderno.

Com Jorge Jesus, foi um misto de 8 e 10. Com Dorival, exerceu função semelhante. Embora no Flamengo esteja atuando como um meia-ponta pela direita. Para jogos “mais pesados”, porém, ainda sinto falta de um volante-volante à frente da área. Dorival estará no Beira-Rio para acompanhar o Gre-Nal do próximo sábado. Tomara que Fernando, camisa 5 do Inter, esteja em campo. Mesmo que veterano, está sobrando no futebol nacional, não acham?

Na pauta das decepções, Rodrygo com Y é o legítimo camisa 10 da companhia. Calma, ele continua sendo útil, mas talvez seja incapaz de flertar com o protagonismo. Candidataço a melhor do Mundo, aliás, Vinícius Júnior é outra referência apenas no futebol europeu. Tomara que o coletivo se fortaleça para que possamos potencializar nossas individualidades.

No outro lado da moeda, o gaúcho Raphinha com PH foi outro destaque individual. Após “geladeira” nas últimas rodadas, voltou ao selecionado pelas atuações destacadas no Barcelona. Atuou mais centralizado que normal, numa espécie de meia-central e segundo atacante. Andréas Pereira, belga de nascimento, assinalou um golaço e é outro que merece mais minutagem, principalmente por ser uma figura rara na atualidade entre os convocados: meia articulador.

A mecânica do time, na nossa singela ótica, segue previsível e refém do brilho individual. A lateral-direita é o maior dos exemplos. A troca de Danilo por Vanderson foi apenas nominal. O ex-gremista atuou praticamente como um terceiro zagueiro. No setor, já havia Savinho e o próprio Raphinha que, volta e meia, gravitou pelo seu habitat, a ponta-direita. Portanto, era óbvio que o camisa 13 não teria terreno para apoiar assim como faz no Mônaco.

Para o futuro breve, não acharia nenhum absurdo Dorival Júnior testar um sistema com três zagueiros, ou uma engrenagem próxima disso. Nossa carência de laterais é uma chaga há tempos. Samuel Lino tem sido um dos destaques como ala esquerdo no Atlético de Madrid de Diego Simeone, por exemplo. Outro argumento que ajuda a endossar o pitaco: temos zagueiros de qualidade em abundância e com diversas características, inclusive canhotos.

Era isso, rapaziada! Obrigado pela atenção e que venham os próximos desafios, leia-se Venezuela e Uruguai. Tomara que a Seleção Brasileira seja mais Brasileirão e menos Champions League.

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