A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos pode ter efeito na General Motors, que tem em Gravataí uma de suas fábricas mais produtivas do mundo.
A CEO da GM, Mary Barra, disse há 15 dias que a montadora estava acompanhando de perto as políticas propostas por ambos os candidatos presidenciais porque o resultado pode ter um impacto dramático em todas as montadoras quando se trata de tarifas – os custos impostos sobre itens exportados de outros países.
Está em GM ‘prestando muita atenção’ às políticas dos candidatos presidenciais – especialmente tarifas, reportagem de Jamie L. LaReau, publicada pelo Detroit Free Press, jornal da terra da montadora.
“Com a maioria das peças automotivas vindo da China, as cadeias de fornecimento automotivo serão afetadas”, alerta Charles Klein, chefe de OEC Group Detroit, um importante facilitador de importação de bens.
Conforme a matéria, em 23 de outubro, poucas horas depois de a GM informar que obteve US$ 4,1 bilhões em lucro ajustado antes dos impostos no terceiro trimestre, um aumento de 15,5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, analistas de Wall Street perguntaram à Barra quanta flexibilidade a GM tem no futuro para mudar a produção internamente para compensar tarifas possivelmente mais altas sobre produtos importados – ou se a GM poderia fazer mais reduções de custos ou aumentos de preços para neutralizar o aumento dos custos.
A GM vende o Buick Envision nos Estados Unidos, mas ele é montado na China. A GM constrói o Chevrolet Blazer, Equinox, Silverado, GMC Sierra e GMC Terrain no México, bem como o Equinox EV totalmente elétrico e o Blazer EV.
A pergunta do analista tinha origem no plano tarifário que o candidato republicano elaborou como pedra angular da sua campanha.
Trump propõe a imposição de uma tarifa de 20% sobre todos os produtos de todos os países. Ele quer impor uma taxa elevada de 60% ou mais sobre as importações chinesas e mexicanas. Trump disse que o seu plano tarifário é uma estratégia de longo prazo para trazer mais produção para o continente, criar mais empregos nacionais e gerar receitas de outros países.
Wall Street teme que uma segunda presidência de Trump traga “mais volatilidade e incerteza” à indústria automobilística, disse David Whiston, analista da Morningstar Autos.
“Você nunca tem certeza se ele seguirá em frente, parcialmente ou não”, disse Whiston, sobre como as tarifas mais altas propostas por Trump podem impactar as montadoras. “Um exemplo importante é a imposição de tarifas sobre todos os veículos fabricados no México exportados para os EUA, já que todas as empresas Detroit Three exportam de lá.”
Se Trump ganhar a Casa Branca, será uma má notícia para a GM, disse à reportagem Dan Ives, diretor-gerente da Wedbush Securities. A opinião de Ives é que a administração Trump removerá o crédito fiscal de US$ 7.500 para veículos elétricos oferecido aos consumidores, algo com que a GM e outras montadoras contam para estimular a adoção de veículos elétricos.
“Além disso, Elon Musk terá um papel importante na administração Trump, o que aumenta a complexidade deste ciclo eleitoral”.
Um veículo movido a gasolina contém peças de todo o mundo, pelo que um aumento ou extensão das tarifas afetará o custo global de fabricação de veículos, o que poderá recair sobre o consumidor, disse Klein.
À reportagem, a CEO da GM, Mary Barra, indicou que a GM estaria preparada para fazer o que for necessário, se necessário.
“Vamos trabalhar de forma construtiva, por isso é muito difícil especular, sem saber exatamente o que vai acontecer”, disse. “Mas seremos disciplinados e resilientes e faremos ajustes na medida que pudermos para continuar a impulsionar o crescimento e a lucratividade.”
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