Por mais patriota que eu seja em relação à única seleção Pentacampeã mundial, acompanhar o time de Dorival Júnior em campo é um exercício de paciência quase sem precendentes. A equipe é um deserto de ideiais constrangedor.
Ser incapaz de superar o selecionado da Venezuela, como vimos semana passada, é inadmissível. Com todo o respeito ao adversário, claro! O futebol, natualmente, é reflexo da sociedade e, desta feita, a globalização encurtou as distâncias entre os favoritos e os os “azarões”. Entretanto, não podemos naturalizar o empate, né?
Cedemos espaços geométricos. E era óbvio. Uma dupla de volantes composta por Bruno Guimarães e Gérson não e desprezível, óbvio, mas é pouco combativa sem a bola. Um camisa 5 mais guardador de posição é fundamental. Para ontem! Talvez André, campeão da América com o Fluminense, possa equilibrar o meio-campo.
O coletivo é refém das individualidades que, exceto Raphinha, se repetem em imperícia. Ah, Vinícius Júnior! Quando será o mesmo do Real Madrid envergando o manto de cinco estrelas? Nem de pênalti? Nem no rebote? Deveria ter vencido a Bola de Ouro, inegavelmente. Mas é também inegável que a serviço da Seleção jamais flertou com a excelência que o caracteriza vestindo a 7 do Maior Clube do Mundo. Quem sabe consegue mudar a realidade a partir de hoje na Fonte Nova?
Djalma Santos e Nilton Santos. Leandro e Júnior. Jorginho e Branco. Cafu e Roberto Carlos. Bons tempos em que os laterais da seleção eram craques ou bem próximos disso. Os atuais, só rezando. São frágeis na marcação e no apoio. A cada convocação, temos novidades, mas…
Insisto que um sistema com três zagueiros talvez seja uma alternativa interessante. Ou um modelo parecido com isso. Contra o Uruguai, aliás, haverá o retorno do “velho” Danilo, que há tempos é um dos 3 zagueiros da Juventus. Que tal prender o camisa 2 e já ensaiar uma espécie de 3-5-2?
Isso liberaria Savinho e as caídas de Raphinha à direita. Savinho, no Manchester City, está acostumado a entregar suor sem a bola na recomposição defensiva — até pela sua juventude. Falo isso “pensando” como Dorival. Na nossa singelíssima visão, a ponta-direita seria de Estêvão, do Palmeiras, ou de Luiz Henrique, do Botafogo. Ou até mesmo a presença de um deles na vaga de Igor Jesus, centralizando Vini Júnior?
Voltando às laterais… para o ano que vem, Samuel Lino, do Atlético de Madrid, talvez pudesse figurar na camisa 6, né? Para o jogo contra o Uruguai, esta noite, em Salvador, eu bancaria Alex Telles entre os 11 no lugar do apático Abner. Enfim, meras conjecturas. O que não pode é seguirmos jogando, sempre, com “dois a menos”.
Falando em Raphinha, o “guri” de Porto Alegre tem sido a nossa referência técnica. O alemão Hans Flick reiventou o ponta, transformando-o em um meia quase à moda antiga. A providência, além de acomodar o prodígio Lamine Yamal entre os 11 no Barça, elevou o potencial do gaúcho muito bom de bola. Acertando ou não, ele chama o jogo. “Sangue no olho” é o mínimo em qualquer atividade profissional, ainda mais estando a serviço da maior instituição de futebol do Planeta, né?
Que a Bahia de todos os Santos consagre “milagres” e resgate a essência da Seleção Canarinho. Arquibancadas lotadas, com gente vibrante e emanando apoio incondicional. Dentro de campo, que o time aplique os conceitos humildemente defendidos pelo Futebol Além do Resultado em busca do resultado!
Que Dorival consiga organizar minimamente o time, com destaque para a peça defensiva. E o ataque? Bem… por enquanto, e historicamente, seguimos reféns do brilho individual. Então, que assim seja!
Pra cima deles, Brasil!!!