SAUL TEIXEIRA

Grêmio e o melancólico fim da Era Renato

Foto Lucas Uebel

Foram 17 derrotas em 38 partidas, quase um turno inteiro marcado pelo insucesso no Brasileirão 2024. A quarta passagem de Renato Portaluppi, que durou 27 meses, findou de maneira melancólica, no último domingo, com goleada para o Corinthians em plena Arena. E mais: novamente com vaias ao maior ídolo do clube.

Para tudo na vida existe um prazo de validade! A saída do treinador deve ser apenas a primeira das medidas adotadas pela direção em busca da tão necessária profissionalização. Em todos os setores. Antes tarde do que nunca!

O sucesso de Renato quase sempre esteve atrelado à qualidade do elenco. Foi assim nas conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores. Sempre que foi preciso a mão do treinador, porém, os resultados foram insuficientes, na maioria das vezes.

A enchente atrasou e muito a vida gremista, inegavelmente, mas quais foram as providências do comandante para amenizar os prejuízos? Salário monstruoso, mas pouquíssimo retorno. Uma relação custo-benefício pavorosa para o lado azul da força.

Monsalve seguiu no banco. O lado esquerdo com Soteldo e Reinaldo continuou exposto a temporada inteira. O time consagrou o lento e previsível 4-2-3-1, com raríssimas exceções. Ataque dependente do brilho individual, meio-campo pouco criativo e vulnerável e defesa daquele jeito. Foram mais de 50 gols sofridos neste ano. Somado a 2023, os azuis amarguraram uma centena de bolas na rede contra o patrimônio. Haja idolatria!

Aliás… é impressão minha ou desde o afastamento do auxiliar Alexandre Mendes os problemas de ordem tática se acentuaram pelos lados da Arena? Em tempo: insisto que Renato tem potencial para ser um extraordinário dirigente, gestor de vestiário, homem do futebol. Como treinador, porém, parece estar estagnado e refém do “modus operandi” dos anos 90. Quem sabe vai à praia, né?

Tudo isso fez com que grande parte da torcida trocasse a passionalidade pela crítica racional. O desconforto, primeiro, ganhou as Redes Sociais para, definitivamente, tornar-se ruído na arquibancada da Arena. Nem mesmo o atrito de Renato com a imprensa, desta feita, ajudou a melhorar a imagem do comandante. O “mundo está contra nós” não surtiu mais efeito. Nem a “perseguição da arbitragem”. Ah, esses “cornetinhas”…

A supremacia regional, que tantas vezes deu fôlego ao trabalho após os títulos de expressão, também iniciou a sua derrocada. A conquista do Heptacampeonato Gaúcho contra o Juventude foi a exceção de um ano a ser esquecido. No duelo direto contra o tradicional adversário, porém, são quatro derrotas consecutivas.

Existe vida sem Renato e esse “tempo” na relação também será alvissareiro para o treinador. Mesmo que exista amor, reciprocidade, paixão e admiração, o “casamento” perdeu leveza e caminhava a passos largos para os abismos de um relacionamento tóxico. O divórcio chega em excelente hora.

A estátua do ex-camisa 7 seguirá ornamentando a esplanada da Arena. A história está posta, escrita, celebrada e eternizada. Entretanto, mais difícil que chegar ao topo é manter-se nele. Na sua quarta passagem como treinador, Renato abusou do direito de ser Renato. E, sendo assim, não deixará saudades.

Definitivamente, ninguém é maior que o Grêmio!

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