O PSDB e o PSD negociam uma fusão, conforme informa nesta segunda-feira o Estadão. O movimento no ‘extremo-centrismo’, que envolve também o governador tucano Eduardo Leite, pode ter implicações em Gravataí nas eleições de 2026. Um é o partido do prefeito reeleito Luiz Zaffalon. Outro, do deputado estadual Dimas Costa.
Antes da análise, vamos às informações.
Na quinta-feira, 2, Paulo Serra, presidente do PSDB em São Paulo e ex-prefeito de Santo André, reuniu-se com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab para discutir o tema.
– Tivemos uma boa conversa e essa questão da fusão do PSDB com o PSD está avançando bastante – disse Serra, otimista.
– Nós precisamos crescer e a fusão, incorporação ou federação podem ser alternativas.
Desde a poeira levantada por Aécio Neves ao contestar o resultado da eleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e, ao lado de Eduardo Cunha (MDB), dar a linha do golpeachment de 2016, que abriu caminho para Jair Bolsonaro seqüestrar a direita e parte da centro-direita e da social democracia, o PSDB só faz perder lideranças, como o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin, e acumular fiascos eleitorais – o mais recente, a candidatura de José Luiz Datena à Prefeitura de São Paulo.
Hoje o partido resta apenas com três governadores: Leite, Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS).
Já o PSD foi o partido que mais cresceu nas eleições municipais de 2024. A sigla do ‘extremo-centrista maior’, Gilberto Kassab, que goza do respeito, simpatia, influência e, claro, cargos no governo Lula, ao mesmo tempo em que é o principal articulador do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve o maior número de prefeitos eleitos no país: 885.
A fusão é vista como a única alternativa viável para o PSDB sobreviver à cláusula de barreira em 2026. Essa regra exige que os partidos obtenham um número mínimo de votos nas eleições para a Câmara dos Deputados, condição para ter acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV.
Antes de voltarmos à aldeia, paremos no Rio Grande do Sul.
Eduardo Leite já tinha recebido convite de Kassab para se filiar ao PSD e construir uma candidatura à Presidência da República. Com a fusão, a intenção confessa do governador de disputar o Palácio do Planalto em 26 ganha ainda mais força. Seria o gaúcho a ‘terceira via’, o candidato do ‘extremo-centrismo’.
Chegamos então, a Gravataí.
Se Zaffa e Dimas – ‘embaixador’ do governador em Gravataí – já estariam juntos no palanque de Leite Presidente, a fusão pode transformar o deputado estadual em candidato oficial do prefeito.
Na entrevista exclusiva ao Seguinte:, SEGUINTE TV | O que esperar do governo Zaffa 2? O prefeito reeleito responde; Assista à entrevista de 1h, no mês seguinte à eleição, ao ser perguntado se teria candidato a deputado em 26, o prefeito respondeu com outra questão:
– Meu partido terá candidato?
A fusão pode vir a responder à pergunta.
Hoje, a base de governo tem como prováveis candidatos, além de Dimas, o vice-prefeito Dr. Levi Melo (Podemos) e o vereador mais votado pela segunda eleição consecutiva, Bombeiro Batista (Republicanos).
A fusão também tem potencial para mudar a correlação de forças partidárias definida pelas urnas em 6 de outubro.
Acontece que, conforme a legislação eleitoral, vereadores eleitos que optem por aderir a um novo partido, criado a partir de uma fusão, não correm o risco de perder mandato por infidelidade partidária.
Ao fim, no Ourobouros da política, onde uma eleição começa onde termina a outra, certamente a possibilidade da fusão PSDB-PSD será acompanhada de perto pelos políticos de Gravataí.
Inegável é que a notícia de hoje do Estadão permite experimentar aquela máxima do Millôr: “Basta nos darem as informações que nós tiramos as nossas próprias confusões”.
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