A cada início de temporada, a realidade é a mesma: é preciso “pegar leve” com as críticas, tendo a falta de ritmo e a defasagem física como principais álibis. Dito isso, porém, a estreia do Inter na temporada 2025 trouxe uma outra e grande preocupação: a organização coletiva.
Não é nada comum, mas Roger Machado contrariou o seu histórico e cometeu gafes quase primárias contra a seleção do México composta por atletas que atuam apenas no país caribenho. O ex-lateral escorregou justamente no seu ponto forte, a tática.
Esvaziou o meio-campo, contrariando uma das lições mais elementares do futebol. Com as ausências de Gabriel Carvalho e de Bruno Tabata, talvez Bruno Henrique fosse a peça que mais se assemelhasse para manter os padrões mínimos da engrenagem habitual.
Mas não! Novamente Roger insistiu com Valência + Borré. Seria uma providência interessante, não fosse o fato do colombiano atuar como ponta-direita. Consequência? Jogou grande parte do tempo longe da meta rival e com colaboração defensiva nula. Não à toa, os 2 gols do rival tiveram origem de lançamentos da lateral-esquerda, sem ninguém, sequer, para atrapalhar a origem dos lances. Atuação nada condizente com a nova camiseta, essa sim, à altura da grandeza do Sport Club Internacional.
Recapitulando o que escrevemos algumas vezes em 2024: na atual estrutura do time (4-2-3-1), Alan Patrick, Borré e Valência não conseguem jogar juntos. Na nossa singela ótica, evidentemente. Para comportar os 3 maiores salários do elenco entre os 11, é imprescindível uma mudança no desenho do time. 4-4-2 losango ou 3-5-2 são alternativas que talvez dessem liga. Sempre em tom pitaqueiro, é claro!
O sistema de coberturas também mostrou-se falho. A pouca intensidade sem a bola entre os homens da frente, originou um verdadeiro efeito cascata. Obrigou os volantes a darem botes mais à frente e, assim, expuseram a linha defensiva. Não fosse a grande atuação do goleiro Antoni, a derrota teria ganhado ares de vexame.
Além do arqueiro, a base colorada apresentou outra boa notícia aos quase 45 mil colorados presentes no Gigante da Beira-Rio. O lateral-esquerdo Pablo fez uma atuação segura e, principalmente, equilibrada, isto é, bem no apoio e na defesa. Mostrou-se promissor e surge como boa alternativa para as ausências de Bernabei, caso o argentino, de fato, siga envergando a camisa 26, claro. Aliás, a defesa precisa de reforços para ontem.
O diagnóstico é o mesmo há tempos, mas a direção até o momento não conseguiu transformá-lo em prática. Tirando Vitão, o colorado não dispõe de nenhum outro atleta confiável para o setor. O iminente retorno de Kaique Rocha, vindo do rebaixado Atlético-PR, surge como alento. O ideal, porém, é que viesse um atleta com estofo de titular e, de preferência, para atuar no lado esquerdo. Assim, devolvendo Vitão para a camisa 3, o seu habitat natural.
Que venha o Gauchão nos próximos dias. Até que a “mágica” de Paulo Paixão comece a dar retorno na preparação física, alguns providências são cruciais para manter o mínimo de competitividade do elenco. E elas passam, fundamentalmente, por aquele que transformou a temporada passada da água para o vinho.
Bom trabalho, Roger Machado Marques.