“Candidatíssimo ao Palácio Piratini, o vice-governador Gabriel Souza (MDB) já organiza intensa agenda de viagens pelo Estado. Aos assessores, pediu que conciliem sua presença em eventos oficiais e reuniões políticas, para que possa participar de inaugurações e angariar apoio à campanha”.
As informações são da coluna Política e Poder, de GZH, assinada nesta segunda-feira por Fábio Schaffner.
Aguardem por polêmica em Gravataí, a partir de março, data projetada para iniciar a tour política.
Sim, porque possivelmente quem vai cuidar de Gabriel na região será um colega de partido, o ex-prefeito Marco Alba (MDB), que foi adversário do prefeito reeleito Luiz Zaffalon (PSDB) na eleição de 2024.
Como Gabriel é, ao menos por enquanto, o candidato natural do governo à sucessão do governador Eduardo Leite (PSDB), permite a expectativa de termos Zaffa e Marco no mesmo palanque pela primeira vez após o rompimento em 2024.
Some-se também o deputado estadual e ‘embaixador’ de Leite em Gravataí, Dimas Costa (PSD), que apoiou a reeleição do prefeito, e o ex-deputado federal Jones Martins (MDB), afastado de Marco desde que foi preterido com a escolha de Zaffa à sucessão na Prefeitura em 2020.
Os teremos todos juntos com Gabriel, num mesmo recinto, em solo gravataiense?
Gabriel e Marco estão de bem. O vice-governador veio jantar e tomar vinho no apartamento do ex-prefeito, em Gravataí, junto também da deputada estadual Patrícia Alba (MDB), como reportei em Vice-governador Gabriel Souza jantou na casa de Marco e Patríca Alba, em Gravataí.
Para quem não sabe, ambos são crias do falecido Eliseu Padilha (MDB). Restaram separados na eleição de 2022, quando Marco, contrariado pelo partido não ter candidato ao Palácio Piratini, abriu dissidência e apoiou Onyx Lorenzoni (PL). Hoje, Marco apoia a candidatura de Gabriel.
A nota de GZH também confirma que Gabriel acerta as pontas soltas no MDB. “Por ora, Gabriel selou armistício com Sebastião Melo, seu nêmesis no MDB pela candidatura a governador. Entre goles de tinto e garfadas de vaca atolada, durante jantar no Palácio Piratini em 8 de janeiro, o prefeito de Porto Alegre pediu ajuda para concluir obras de contenção de cheias e sinalizou que vai cumprir todo mandato”, escreve o jornalista.
Ao fim, respondendo à pergunta que eu mesmo fiz, reputo difícil, ao menos em 2025, testemunhar esse estreitamento de inimizades num mesmo palanque em Gravataí.
Há marcas indeléveis do pré, durante e pós campanha eleitoral.
Em 2026, até pode ser, caso Gabriel seja o candidato de Leite ao Piratini, e Leite o candidato de Gabriel ao Planalto. Aí, a Real Politik pode pesar. Ainda assim, imagino que o futuro candidato tenha que vir duas vezes a Gravataí: uma para o ato “do Marco”, outra para o “do Zaffa”.
Porém, como ainda faltam 614 para o 4 de outubro de 2026, recomendo aos mais realistas que o rei, seja coroado ou posto, trecho de “Pragmatismo”, do Millôr.
“Todo mundo fala, hoje, em pragmatismo, que o pragmatismo é fundamental à manutenção da estabilidade nacional, etc. Mas pragmatismo mesmo, era o da cidadezinha de Tropolitar, em Ruanda, onde, tendo um ferreiro cometido um crime hediondo, a Justiça local, depois de um processo rumoroso, enforcou um alfaiate. A cidade tinha dois alfaiates e só um ferreiro”.
