Domingo à noite nível do Sinos em São Leopoldo era de 5,21m — mais de 70cm acima da cota de inundação
Depois de uma semana em que a Influenza quase não me permitiu escrever, volto com boas notícias e outras nem tanto. A boa é que um agravamento da enchente que atinge principalmente moradores da área do Paquetá e preocupa quem vive no entorno da Vala da Madrinha, no Mato Grande, é um risco praticamente zerado. No final de semana, a Prefeitura instalou bombas móveis para recalque da água na Madrinha e mesmo com o ritmo de subida do Rio dos Sinos, não há previsão de verta sobre ruas — muito menos invada casas.
No final da noite de domingo, o nível do Rio do Sinos na régua de São Leopoldo era de 5,21m — 71cm a mais do que a cota de inundação no município. O ritmo de subida estava a 0,3cm por hora — o que indica estabilidade. Deve se manter assim ou até subir um pouco depois que chuva para entre segunda e terça e só depois começar a baixar. Como o Guaíba em Porto Alegre também está baixo — 3,20m para uma cota de inundação na capital de 3,60m —, a água não terá impedimentos para seguir seu curso em direção à Lagoa dos Patos.
É isso que indica que a enchente que temos hoje, restrita à região do Paquetá, não vai se alastrar.
A chuva também dá uma trégua no início de semana e só volta com força na quinta e sexta, de acordo com previsão do MetSul — que, aliás, indica a possibilidade da ocorrência de ‘graupel’ entre os dias 29 e 30 de junho; para quem não tem um dicionário à mão, explico. Graupel é um tipo de precipitação de inverno que ocorre a temperaturas muito próximas de zero grau. É um tipo de granizo macio, em flocos, também chamado de ‘neve canjica’.
São esperadas para a região temperaturas na faixa dos 3º a 5º, com possibilidade de os termômetros chegarem entre 1º e 3º nos últimos dias do mês. Em outras palavras, pode ser que nos livremos da chuva, mas certamente não vamos escapar do frio.

O presentão de aniversário
No dia 27, Canoas completa 86 anos a espera de um ‘presente’ que só o governador Eduardo Leite pode dar: o anúncio da liberação dos recursos para obras de contenção de cheias. Leite havia dito ao blog no início do mês em um evento na Ulbra que o processo de Canoas estava com o comitê científico do Estado para análise, mas que demostrou confiança de que até 15 de junho, todos os nós pudessem estar desatados.
Não foram.
As chuvas vieram e mostraram que a cidade não está preparada para lidar com novos episódios climáticos extremos — mesmo que não sejam tão extremos como os de maio de 2024. Sem o dinheiro do Estado, Canoas segue bancando conserto e elevação do dique com recursos próprios — os mesmos que faltam para o hidrojateamento, limpeza das tubulações de escoamento da água da chuva, bueiros e por aí vai.
Libera, Leite! Aproveita que estamos de aniversário e libera.