O projeto Banda de Garotas Instantâneas CONVIDA Banda EX e outras Mulheres, que promove a criação de uma performance sonora, poética e visual inédita, a partir do encontro de dois grupos porto-alegrenses, Garotas Instantâneas e EX, tem sua primeira etapa de ações de escuta e troca com mulheres de territórios de luta na Casa Mulheres Mirabal, nesta terça-feira.
A proposta do projeto é construir um repertório original de forma colaborativa, pluriautoral e transdisciplinar, reunindo som, corpo, palavra e imagem numa criação expandida, que dialoga com as artes visuais, a música experimental, a literatura e a cultura pop urbana.
A performance final ocorrerá “ao vivo” na Galeria Augusto Meyer, na Casa de Cultura Mario Quintana, no próximo dia 30 de agosto, às 19h, com registro audiovisual e posterior exposição na Galeria Virgílio Calegari, também na CCMQ, em Porto Alegre. O evento terá entrada franca e contará com acessibilidade em Libras.
A Banda de Garotas Instantâneas é uma formação colaborativa, intergeracional e diversa de mulheres artistas visuais. Criada em 2017, é formada por Marion Velasco, Alice Porto, Andressa Cantergiani e a VJ Carolina Grimm.A banda mistura música eletrônica, rock, ruído, vozes, poesia e pensamento feminista latino-americano.
Já a EX, fundada em 2006, é formada por Thiane Nunes (escritora e vocalista), Gabriella Tachini (designer e baterista), Guilherme Klamt (guitarrista), Rafael Martinelli (letrista e vocalista) e Cristiano Sertório (baixista). Sua sonoridade mescla post-punk, gótico e shoegaze, com letras intensas que extraem lirismo do cotidiano e da dor. Essa será a primeira vez que os dois grupos se encontram para uma criação conjunta — um desafio e, ao mesmo tempo, um exercício de escuta, experimentação e potência coletiva.
Arte e ativismo de mãos dadas
Mais do que uma proposta musical, o projeto assume o compromisso de fomentar o diálogo entre a arte e o ativismo feminista. Como afirma Marion Velasco, “defende pautas como a igualdade de direitos de gênero em sua diversidade, o direito das mulheres sobre seus corpos, o combate à violência, ao etarismo e aos abusos que atravessam a vida cotidiana e o campo das Artes”.
A primeira etapa se dedica a ações de escuta e troca com mulheres de territórios de luta — espaços comunitários como a Casa Mulheres Mirabal, do Movimento de Mulheres Olga Benário, e a Associação Alvo Cultural, que receberão encontros presenciais. Haverá mediação da assistente social, terapeuta e artista percussionista Leciane Rodrigues Ferreira.
Nesses encontros, serão compartilhadas experiências, memórias, dores, saberes e afetos. A escuta ativa pode se transformar em matéria sensível — relatos, poemas, sons e ideias — que alimentarão o repertório da futura performance. Uma mulher participante desses encontros será convidada a apresentar seu trabalho e irá abrir a performance junto às bandas, estabelecendo um intercâmbio real entre arte, comunidade e equipamentos culturais.
Criação colaborativa e território
A segunda etapa será dedicada à criação em estúdio. Três espaços foram escolhidos como laboratórios de experimentação: Estúdio Áudio Porco, Estúdio Cadela Records e Estúdio Sangha, todos localizados em áreas de Porto Alegre diretamente afetadas pelas enchentes de maio de 2024.
Nestes locais, as bandas irão compartilhar métodos, sonoridades e referências, criando, juntas, o repertório da apresentação. O processo será documentado e transmitido “ao vivo”, ampliando o alcance e a transparência da proposta.
Referências e resistências
O projeto se ancora no trabalho de artistas que cruzam som, imagem, performance e ativismo, como Yoko Ono, Laurie Anderson, Pipilotti Rist e Kim Gordon. Ao assumir uma perspectiva de gênero e coletividade, ele questiona o silenciamento histórico das mulheres nas artes e nos convida a imaginar outras formas de criação e existência.
A “periodicidade indefinida” das ações das Garotas Instantâneas revela as barreiras enfrentadas — econômicas, estruturais, simbólicas — por quem insiste em fazer arte de forma crítica, experimental e inclusiva. Mas também demonstra sua persistência em criar redes, reinventar linguagens e ocupar os espaços.
A falta de recursos e outras histórias foram descritas nos textos sobre as sete performances da Banda de Garotas Instantâneas, da publicação eletrônica Banda de Garotas Instantâneas: nossa luta é diária_performances sônicas e ativismo feminista, indicado na categoria Livro de Artista, ao XVII Prêmio Açorianos – Artes Plásticas 2024/2025 e, encontra-se disponível para download neste link: https://hemisphericencounters.ca/projects/poeticas-do-ativismo-feminista/
Serviço
“Banda de Garotas Instantâneas CONVIDA Banda EX e outras Mulheres”
Projeto contemplado pelo Edital SEDAC/PNAB RS nº 32/2024 – Música
Casa de Referência da Mulher – Mulheres Mirabal
Rua Souza Reis, 132, bairro São João, Porto Alegre-RS
24 de junho de 2025 (terça-feira), 18h
Associação Alvo Cultural
Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2132, bairro Rubem Berta, Porto Alegre-RS
27 de junho de 2025 (sexta-feira), 18h
Performance final na Galeria Augusto Meyer – CCMQ
30 de agosto de 2025 (sábado), 19h
Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico, Porto Alegre, RS